– A guerra cambial é reflexo da atrofia do comércio mundial e o antídoto para combatê-la é o desenvolvimento dos mercados consumidores domésticos, disse hoje em Moscou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que em 2010 iniciou a discussão do problema no âmbito do G20. Ele participa hoje e amanhã de reunião de ministros de Finanças do G-20, o grupo que reúne as maiores economias desenvolvidas e emergentes do mundo. “No ano passado, o crescimento do comércio mundial foi pífio e os países se acotovelaram para exportar, mas não conseguiram. Aí todo mundo quer desvalorizar suas moedas para aumentar a competitividade, o que dá origem à guerra cambial”, disse o ministro em entrevista a jornalistas brasileiros. “Enquanto o comércio estiver atrofiado, a guerra cambial vai continuar.” Segundo ele, os países que não conseguem estimular a economia doméstica acham que a saída para retomar o crescimento é aumentar as exportações. “Imagina se todo mundo chegar a essa conclusão?”, perguntou. Em sua opinião, a solução para evitar o agravamento da guerra cambial é a mudança das política fiscais dos países ricos, que amenize as metas de redução do déficit e da divida e dê espaço para ampliação do investimentos e do consumo. “É necessária uma mudança de estratégia dos países que vivem da exportação para estimular seus mercados domésticos, com o objetivo de elevar a exportação e a importação”, ressaltou. Essa inflexão seria mais possível hoje, depois de a zona do euro ter afastado o risco de crise financeira, disse Mantega. “Isso tirou um incômodo da economia mundial, que era uma aversão ao risco e nervosismo do mercado que atrapalha a atividade econômica.” O tema da guerra cambial continuará na agenda da reunião do G-20 que ocorre hoje e amanhã em Moscou, mas o ministro avaliou que a situação do Brasil hoje é “mais tranquila” que a de 2010. “Nós conseguimos caminhar para um câmbio mais equilibrado. Estamos com câmbio que dá uma certa competitividade para as exportações brasileiras e que não permite tanta invasão de produtos importados a preços artificialmente baixos”, ponderou. “Nós não dependemos tanto das exportações e somos um dos poucos países cujo mercado doméstico continua a crescer.” (Fonte: Estadão)