– O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reforçou ontem o discurso de que os fundamentos da economia brasileira continuam sólidos, rebatendo parte das críticas que têm sido feitas à condução da política econômica pelo governo. “A pergunta que se coloca neste momento é se o Brasil reúne as condições para ter crescimento sustentável nos próximos anos. Este dilema não é exclusivamente nosso, mas da maioria dos países no pós-crise.” Para Mantega, a economia brasileira continua a ter bons fundamentos, sustentados por inflação dentro da meta estabelecida pelo CMN, geração de superávtis primários “fortes” e câmbio flutuante, embora menos volátil. O ministro afirmou que as três principais despesas do governo – Previdência Social, gastos com pessoal e serviço da dívida – estão hoje controladas ou em queda, o que amplia a solidez da política fiscal, com geração de superávits primários “elevados”. Em momentos de crise, no entanto, o viés passa a ser anticíclico, para que o governo posso ampliar investimentos. “O importante é que o resultado continua a ser excelente, com queda do endividamento em relação ao PIB.” Já a política monetária que o governo pratica não é contracionista, mas também não é expansionista porque “não estamos fazendo nenhum ‘quantitative easing'”, afirmou Mantega. Com juros “mais civilizados”, o ministro considerou que a taxa de câmbio ficou sujeita a menos desequilíbrios, o que estimula exportações, melhora a situação da indústria e dá perspectivas de longo prazo a investidores. O objetivo da política cambial, ressaltou o ministro, é que o dólar flutue, “mas sem excessos”, e caminhe para um patamar mais equilibrado sem intervenções do setor público. Em relação ao último tripé da política econômica, a inflação, Mantega destacou que o governo é rigoroso ao perseguir o controle dos preços e que, pelo sétimo ano consecutivo, o IPCA ficou dentro da meta, ao fechar 2012 em 5,84%. Para alcançar crescimento sustentável nos próximos anos, no entanto, Mantega reconheceu a necessidade de aumento dos investimentos, que hoje estão em torno de 18% do PIB. O objetivo do governo, disse, é elevar essa taxa para algo próximo de 25% do PIB. Segundo o ministro, são necessários investimentos de R$ 1 trilhão no país entre 2011 e 2015. Se contabilizados apenas os projetos que serão concedidos à iniciativa privada, como portos, aeroportos, rodovias, ferrovias e energia elétrica, somam R$ 370 bilhões.