O Brasil é apontado como o país mais protecionista no G-20, grupo das maiores economias desenvolvidas e emergentes, de acordo com o Índice de Abertura de Mercados, publicado nesta terça-feira pela CCI, em Paris. Pior que o Brasil entre os 75 países, só mesmo o Quênia, Paquistão, Venezuela, Uganda, Argélia, Bangladesh, Sudão e Etiópia. Mesmo com um índice alto de protecionismo, segundo a CCI, a balança comercial brasileira registrou este ano o maior déficit de sua história, embora o governo defenda que pode haver melhora nos próximos meses, com saldo comercial superavitário ao longo do ano. A entidade que representa milhares de empresas no mundo coloca o Brasil na 67ª posição entre 75 países, ficando atrás até da Argentina (o ranking é organizado por grau de abertura comercial, da maior para a menor) . A abertura do mercado brasileiro foi considerada abaixo da média internacional. A percepção sobre o Brasil é a pior entre as grandes economias, mas o país não está sozinho. O ranking da CCI mostra que apenas o Canadá (19ª posição), entre os países do G-20, faz parte do primeiro grupo de países com política comercial mais liberal, pelo menos nos moldes desejados pelas empresas. Os Estados Unidos, que se esforçam para aparecer como campeões do liberalismo, estão na 38ª posição. Já a China, vista como muito protecionista, está numa posição média, a de 57ª. Para a Câmara de Comércio Internacional, a conclusão é clara: os países do G-20 fracassaram em demonstrar liderança global sobre comércio, o Canadá é o único que se salva e os países do Brics, nova força na economia mundial, mantêm medidas comerciais restritivas. O Índice de Abertura dos Mercados classifica 75 países usando uma série de indicadores, como abertura observada no comércio, a política comercial, abertura para investimentos estrangeiros e infraestrutura para as exportações e importações.
A CCI visa, com o ranking, monitorar se os governos estão cumprindo seus compromissos de abrir as economias, como acertado em cúpulas como a do G-20. A CCI usa seu documento para continuar pressionando os governos a alcançar um acordo na conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), em dezembro, em Bali (Indonésia). Um dos principais interesses dos empresários é um acordo de facilitação de comércio, para reduzir substancialmente entraves nas alfândegas. (Fonte: Valor Econômico)