Na vanguarda de um pensamento moderno e atualizado que vai na direção contrária à tendência protecionista e defensiva adotada por muitos dentro e fora do governo, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo divulgou recentemente documento sugerindo propostas para promover a competitividade da indústria nacional através de nova estratégia de negociação comercial.
No cenário externo, a multiplicação dos acordos de livre comércio nos últimos anos e a crescente integração de países e empresas nas cadeias globais de valor agregado trouxeram desafios para a inserção do Brasil. Essa visão, compartilhada pelo Iedi e pela CNI, contrasta com o imobilismo do governo brasileiro que, sem uma analise mais profunda como a do setor privado, deixa prevalecer considerações ideológicas que ignoram o que ocorre no mundo. Brasília não está preocupada com a tendência de acordos bilaterais, anunciam porta-vozes oficiais, ignorando, por exemplo, o impacto que pode ter sobre o Brasil um acordo entre os EUA e a Europa. Propõe-se a imediata reincorporação do Paraguai ao Mercosul e a efetiva incorporação da Venezuela às regras do bloco. Complementando as negociações comerciais regionais, a Fiesp recomenda ainda a aceleração do processo de integração física, em especial visando ao escoamento de nossas exportações para a Ásia pelo Pacifico.
A integração com países de maior desenvolvimento tecnológico e geradores de inovação é outra prioridade. O acordo com a União Europeia, em negociação há mais de dez anos, deveria ser concluído até o fim de 2014. Caso a Argentina e a Venezuela se tornem empecilho para sua conclusão, o Brasil deveria flexibilizar as regras atuais e, sob a égide do Mercosul, examinar as listas de produtos individualmente com o parceiro europeu. A decisão de negociar com uma única voz é um falso dilema, pois nada impede acomodar as circunstâncias econômicas e comerciais de cada pais por meio de uma diferenciação de listas e cronogramas. Com a América do Norte, os entendimentos com o México e o Canadá deveriam ser acelerados e, com os EUA, iniciados estudos visando à celebração de um acordo de livre comércio. O documento preconiza também apoio às negociações multilaterais no âmbito da Rodada de Doha e o fortalecimento da OMC. A interveniência de mais de dez ministérios e órgãos do governo no processo decisório de comércio exterior e o número excessivo de normas legais dificultam e burocratizam as atividades ligadas ao intercâmbio externo.
Nesse sentido, a Fiesp propõe que a Camex seja efetivamente o ponto focal da formulação da política de comércio exterior e da negociação externa e que seja vinculada diretamente ao presidente da República. A integração econômica com o exterior traz desafios à indústria, pela baixa competitividade da economia brasileira. O isolamento do processo de mudança no comércio e o protecionismo não são opções para o Brasil. (Fonte: O Globo)