Ainda às voltas com as notícias sobre a redução dos estímulos monetários nos Estados Unidos e com preocupações sobre a economia grega, os mercados financeiros globais se depararam ontem com mais um problema: a crise de liquidez na China. Notícias veiculadas pela imprensa estatal da China no fim de semana sinalizaram que essa crise de liquidez deve persistir.
Um comentário publicado pela agência estatal de notícias Xinhua sugeriu que o governo não tomará qualquer ação em breve. Além disso, o Banco do Povo da China não fez nenhuma referência direta ao recente aumento nos custos de empréstimos para os bancos, ao mesmo tempo em que alegou que vai manter uma política monetária prudente. As notícias negativas provocaram uma queda generalizada nas bolsas de valores de todo o mundo. O mercado brasileiro foi muito castigado pela queda dos papéis da Vale, extremamente sensíveis à pio radas condições econômicas da China. Tanto a ação ON quanto a PNA da mineradora caíram ontem mais de 5%. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, terminou o dia em 1 queda de 2,35%, fechando aos 45.965,05, o menor patamar desde 28 de abril de 2,009, no auge da crise econômica global desencadeada pela quebra do banco americano Lehman Brothers. Na Europa, as ações europeias recuaram e empurraram o principal índice regional para território negativo no acumulado do ano. O índice FTSEurofirst 300 caiu 1,6%, para 1.114 pontos, pior nível de fechamento desde que o índice terminou em 1.108 pontos, em 29 de novembro do ano passado.
O FT-SEuroflrst 300 acumula no ano queda de 1,6%. O índice de blue chips da zona do euro, o Euro Stoxx 50, também caiu, fechando em queda de 1,5% para 2.511 pontos. O índice Xangai Composto, da bolsa chinesa, por sua vez, teve a maior queda desde acosto de 2009 (-5,3%). Os mercados acionários globais atingiram máximas recordes no fim de maio, mas desde então vêm recuando, depois que o presidente do, Ben Bemanke, confirmou que o banco deve em breve reduzir seu programa de estímulo monetário, conhecido como “quarititative easing”. A questão chinesa é mais um componente nesse cenário. “Há preocupações com a China e há pouca coisa para as pessoas ficarem otimistas no momento. As coisas têm caído como uma pedra. Parece um pouco brutal demais para que seja apenas uma retração saudável”, disse o diretor de negociações da MB Capital, Marcus Bulius. No passado, tais perdas foram acompanhadas pela entrada de investidores a fim de comprar ações na baixa, mas Bulius disse que ele não compraria ações nos níveis atuais. “Eu não iria querer pegar uma faca em queda”, afirmou. No caso brasileiro, porém, as dificuldades vão além do cenário internacional. Segundo profissionais das mesas de renda variável das instituições financeiras, o mercado doméstico tem sido punido também pela falta de credibilidade da política econômica do governo, o que leva a bolsa brasileira a um desempenho ainda pior que o das outras bolsas ao redor do mundo.
E a situação foi ainda agravada pela onda de protestos que varre o País nos últimos dias. A situação, segundo um especialista, pode complicar ainda já que, agora, os Estados Unidos estão para acabar com seu programa de estímulos, o que levaria os investidores de volta para lá. (Fonte: O Estado de S. Paulo)