Os países dos BRICS expressaram no G-20 a insatisfação com o impasse sobre a redistribuição de poder no FMI em favor dos emergentes. O representante do Brasil, Carlos Márcio Cozendey, falou de “frustração” e o ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, também reclamou do atraso publicamente. A diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, teve que conclamar os países a ratificar as reformas “o mais rápido possível”, conforme “compromissos assumidos”. Ao longo de negociações em 2008, 2009 e 2010, países desenvolvidos e emergentes fizeram um acordo político por reforma no FMI: incluía fortalecimento do Fundo com recursos adicionais de algumas centenas de bilhões de dólares, em troca de mais poder para os emergentes.
A primeira parte do acordo foi feita, a segunda não. Em outubro do ano passado, não entrou em vigor o aumento das cotas para os emergentes pela reforma de 2010, por falta de ratificação pelo Congresso dos Estados Unidos. Agora, o prazo para a segunda reforma da fórmula e de novo aumento das cotas, para ser concluído em janeiro de 2014, também está ameaçado de não cumprimento. O problema é que sem ratificação pelos Estados Unidos, país que tem mais de 15% de poder de voto, não é possível aprovar a reforma. “Os EUA estão numa isolamento esplêndido”, disse o diretor-executivo pelo Brasil e mais dez países no FMI, Paulo Nogueira Batista Júnior, falando em nome pessoal. “O atraso [da reforma de 2010] é significativo e preocupante, e está sendo motivo ou pretexto para atrasar a reforma seguinte.” O ministro das Finanças da Rússia disse que o governo americano informou que está fazendo “o possível” e que o Congresso vai “examinar” o tema em outubro. Por sua vez, ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais dos Brics pavimentaram em Moscou o terreno para que o fundo de reservas de US$ 100 bilhões e o banco dos Brics com capital de US$ 50 bilhões sejam formalmente criados na cúpula do grupo em março de 2014, no Brasil. (Fonte: Valor Econômico)