Enquanto o G-20 deve sinalizar que a saída das políticas de relaxamento monetário será gradual, o que ajudará a reduzir incertezas nos mercados mundiais e saques de capital dos emergentes, o confronto sobre ritmo de crescimento ou austeridade continuará. Negociadores das maiores economias desenvolvidas e emergentes prosseguiam na madrugada, em Moscou, as negociações sobre o comunicado dos ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais, que vão se reunir hoje e amanhã.
Os Estados Unidos vêm sendo cobrados a fazer comunicação clara sobre o fim de sua política de dinheiro barato. Em todo caso, o sentimento é mesmo de que o juro baixo vai continuar por um bom tempo na Europa, mas também nos EUA, diante do estado atual das economias. O Brasil junta forças de novo com os Estados Unidos, insistindo que, para que o crescimento global seja sustentável, as outras economias do grupo devem seguir políticas macroeconômicas centradas no aumento da demanda doméstica e do emprego. Jack Lew, secretário do Tesouro dos EUA, coloca pressão particularmente sobre dois parceiros. Washington acha que a Europa está agora em posição de reforçar a demanda e baixar o desemprego. Diz que a demanda na zona do euro caiu por oito trimestres consecutivos e agora está 5% por cento abaixo de seu nível de 2007, quando a crise começou, e que na periferia em crise a queda é ainda maior, de 15%. Os EUA consideram também “crítico” que a China acelere reformas para basear seu crescimento sobretudo no consumo interno de uma classe média em evolução, ao invés de exportações com mão de obra barata. Mas Washington alerta que essa mudança deve vir através do uso de medidas domésticas e não de câmbio desvalorizado.
Já a Alemanha, sempre focada em austeridade, quer continuar insistindo no G-20 para os países estenderem o compromisso de redução de suas dívidas após 2016, para que elas “continuem a baixar e não a subir”. Ações na área de regulação financeira continuarão: as seguradoras grandes demais para quebrar vão também necessitar de capital próprio adicional para se protegerem depois de 2015. (Fonte: Valor Econômico)