Produção industrial recua pelo quarto mês seguido e cai 1,4% em junho



A parada forçada pela Copa do Mundo, os estoques em alta e a desconfiança do empresário levaram a indústria a acentuar sua crise em junho.

No mês, a produção industrial recuou 1,4%, a quarta queda seguida no ano, segundo dados livres de afeitos sazonais. Os dados foram divulgados pelo IBGE na manhã desta sexta-feira (1º).

O resultado veio um pouco melhor do que as previsões do mercado, que esperava queda entre 2% e 3%.

Na comparação com junho de 2013, indústria registrou recuo de 6,9%, no pior resultado nessa relação desde 2009, quando a produção foi duramente afetada pela crise econômica mundial.

Considerando todos os meses, essa é a pior queda na comparação anual desde setembro de 2009.

Na comparação com o mês imediatamente anterior, o setor já vinha de três quedas, nos meses de março, abril, maio, de, respectivamente, 0,7%, 0,5% e 0,8%, segundo dados revisados.

Assim, o índice acumulado neste ano já soma uma queda de 2,6%, e em 12 meses, de 0,6%.

O setor também é afetado por juros maiores, crédito restrito, inflação elevada e especialmente empresários com menos disposição de investir nesse ano.

O mercado de trabalho também tem mostrado sinais de arrefecimento, sem a entrada de mais mão de obra no mercado, tirando da população a disposição para consumir.

DURÁVEIS

Fortemente sensível à taxa de juros e ao crédito, o setor da indústria que produz bens duráveis (como automóveis e eletrodomésticos) levou um forte tombo e recuou 24,9% em sua produção frente ao mês anterior.

Na comparação com junho do ano passado, a queda é de 34,3%.

Segmento mais sensível ao humor do empresário para investir, o setor de bens de capital, que produz máquinas e equipamentos, caiu 9,7%, na comparação com maio e 21,1% na comparação com junho de 2013.

A compra de máquinas e equipamentos é reflexo direto da confiança do empresário com o futuro da economia, e a queda nesse quesito mostra a desconfiança do grupo.

Dos 24 ramos acompanhados pelo IBGE, a indústria perdeu produção em 18.

Em quatro meses, a produção de bens duráveis perdeu um terço de seu volume –a queda acumulada desde março foi de 33,3%.

Nessa mesma comparação, o setor de bens de capital encolheu 17,8%.

A queda na indústria de bens de consumo duráveis foi a pior da série histórica, que é desde 2002.

COMPARE O DESEMPENHO (em %)

GRUPO

JUN.14/MAI/141

JUN.14/JUN.13

NO ANO

EM 12 MESES

Bens de Capital

-9,7

-21,1

-8,3

1,2

Bens Intermediários

-0,1

-2,9

-2,2

-1,2

Bens de Consumo

-7,9

-10,7

-1,9

-0,3

Duráveis

-24,9

-34,3

-8,6

-3,7

Semiduráveis e não Duráveis

-1,3

-3

0,3

0,8

INDÚSTRIA GERAL

-1,4

-6,9

-2,6

-0,6

1 Série com ajuste sazonal
Fonte: IBGE

DIAS PARADOS

Os segmentos que sofreram mais em junho com dias parados e com questões macroeconômicas foram os de equipamentos de informática e produtos eletrônicos (recuo de 29,6%) e automobilístico (queda de 12,1%), mesmo com a manutenção do IPI menor, que vai vigorar até dezembro.

Os números ruins da indústria de veículos neste ano levaram o setor a programar férias coletivas.

Outras contribuições negativas para o indicador industrial vieram do ramo de confecção, do segmento de bens de consumo, com queda de 10%, e de máquinas e equipamentos, que produziu 9,4% menos do que maio. A Indústria de produtos de borracha e material plástico, classificada dentre os bens intermediários, caiu 5,6%.

Considerando os seis primeiros meses do ano, o encolhimento da produção de 2,6% foi influenciado, também, pela indústria automobilística, com queda de 16,9%, e da indústria de produtos de metal e metalurgia, com recuos de 10,1% e 5%, respectivamente.

VEJA O DESEMPENHO POR SETOR (em %)

SETOR

JUN.14/MAI.14

Coque, prods. deriv. do petróleo e biocombustível

6,6

Produtos do fumo

4

Bebidas

2,5

Produtos alimentícios

2,1

Indústrias extrativas

0,3

Celulos, papel e produtos de papel

0,2

Couro, artigos de viagem e calçados

-0,5

Outros produtos químicos

-0,9

Metalurgia

-1,1

Produtos farmoquímicos e farmacêuticos

-1,1

Produtos de madeira

-1,4

Móveis

-1,9

Produtos de metal

-2,8

Perfumaria, sabões e produtos de limpeza

-3,1

Produtos de minerais não-metálicos

-3,4

Produtos diversos

-4

Produtos de borracha e de material plástico

-5,6

Produtos têxteis

-6,7

Máquinas, aparelhos e materiais elétricos

-7,4

Máquinas e equipamentos

-9,4

Confecção de artigos do vestuário e acessórios

-10

Veículos automotores, reboques e carrocerias

-12,1

Outros Equipamentos de Transporte

-12,3

Equips. de Informática, prods. eletrônicos e ópticos

-29,6

Fonte tabela: IBGE

Fonte: Folha UOL

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