A representantes dos 160 países, diretor-geral da OMC alertou que colapso trará ‘consequências significativas’
GENEBRA – Em um apelo desesperado aos países-membros, o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, alertou que o fracasso de ontem deixa sob ameaça, pela primeira vez, todo o sistema multilateral do comércio que, por décadas, ajudou a garantir a paz e o crescimento no mundo.
Falando diante de 160 embaixadores em total silêncio, e constrangidos diante do impasse, Azevêdo alertou que um desabamento das regras internacionais seria trágico.
O diretor do organismo internacional de comércio terá a tarefa agora de, diante do colapso, conduzir a OMC por seu momento mais difícil. Ontem, Azevêdo deixou isso claro aos 160 países. “Estamos entrando em uma fase repleta de incertezas”, disse. “Isso terá consequências e elas serão significativas”, alertou.
Governos como o dos Estados Unidos já indicaram que, com a recusa da Índia e de outros emergentes em negociar um pacote, vão retirar suas ofertas da mesa de negociações e buscar alternativas reais à OMC.
Azevêdo apelou para que os governos entendam que a “OMC está nas mãos de seus membros” e pediu para que os representantes usem o período de férias no Hemisfério Norte, no mês de agosto, para refletir sobre o que querem da OMC a partir de agora. “Convido a todos para que pensem cuidadosamente sobre quais devem ser os próximos passos. Peço que reflitam sobre as ramificações desse fracasso”, disse. “O futuro do sistema multilateral está em suas mãos.”
O brasileiro lembrou da importância da OMC diante da crise financeira e como ela serviu de escudo contra o protecionismo. Mas admitiu: “Estou muito, muito preocupado”.
Azevêdo também fez questão de advertir aos governos sobre o que significaria o colapso das regras internacionais do comércio. “Desde sua criação em 1948, o sistema multilateral tem sido uma força para a abertura, cooperação e paz.”
Na sua visão, quem mais perde com esse fracasso são os pequenos países. “Eles serão os que mais sofrerão”, disse. “Seria trágico para essas economias e, portanto, trágico para todos nós”, completou.
Azevêdo está à frente da OMC desde maio de 2013. Durante sua campanha, cercou-se de uma “tropa de choque” de países emergentes para garantir que uma eventual vitória não seria contestada, mesmo não contando com o apoio dos países ricos.
Fonte: Economia Estadão