ANNA CAROLINA PAPP
Pesquisa da Federação do Comércio de São Paulo mostra que a confiança do varejo atingiu o nível mais baixo desde o início da série, em 2011
A confiança dos comerciantes paulistas caiu pela sétima vez consecutiva em agosto, segundo o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), elaborado pela Federação do Comércio de São Paulo (FecomercioSP. O indicador recuou 0,3% em relação a julho e 10,8% em comparação ao mesmo mês no ano passado, atingindo o patamar mais baixo desde o início do levantamento, em março de 2011.
No mês passado, numa escala de zero a 200, o índice alcançou 98,3 pontos. Foi a segunda vez que ficou abaixo de 100 pontos – patamar que indica pessimismo entre o empresariado do varejo.
“A divulgação do PIB (do segundo trimestre) confirmou o motivo pelo qual os empresários perderam a confiança, o que já vínhamos antecipando em nossas pesquisas”, diz Fabio Pina, assessor econômico da FecomercioSP. Para a associação, a desaceleração da economia, a inflação e os juros altos deixaram tanto empresários quanto consumidores cautelosos e inibiram o consumo.
“Esse ano achamos que o varejo vai recuar 2% em termos de faturamento real. No Brasil, vai ficar em torno de zero”, diz Pina. “Eu até acho que pode haver uma melhoria nos próximos meses, mas o patamar é muito baixo”, afirma.
Como categorias mais afetadas ele cita os bens duráveis e os automóveis, e também se mostra preocupado com a indústria. “Sazonalmente a indústria pode ter um desempenho melhor no segundo semestre em relação ao primeiro, mas em relação ao ano passado deve ser bem fraco”, diz.
Segundo a pesquisa da FecomercioSP, a queda na confiança foi puxada pelas as empresas menores, de até 50 funcionários, com recuo de 0,4% no indicador. Já companhias com mais de 50 empregados tiveram aumento de 3,8%.
Natal. Para Pina, o que deve ajudar a segurar as vendas de fim de ano é sobretudo o fato de o desemprego não ter tido aumento sensível, apesar da desaceleração na geração de novos postos. “No aspecto de renda e emprego, não deve haver grandes problemas com o Natal em relação ao ano passado, pois o 13º vai ser mais ou menos o mesmo”, diz.
Ele observa, porém, que além da renda em mãos, há um componente importante: a expectativa. “Num momento de maior otimismo, a tendência é consumir mais do que poupar ou pagar dívidas nessa época. Quando a situação se inverte, a tendência é de o consumidor ser mais conservador com o 13º”, diz. “Por isso, acho que nós teremos um Natal inferior ao ano passado.”
Fonte: Estadão