O tom mais moderado da ata da última reunião do Federal Reserve, destacando a preocupação com a situação da economia mundial, levou a uma desvalorização global do dólar frente às principais divisas, reduzindo a expectativa de uma antecipação de alta da taxa básica de juros nos EUA. O mercado de câmbio local acompanhou esse movimento, que levou a moeda americana a zerar a alta registrada durante parte do dia e encerrar em queda frente ao real ontem, pelo quarto pregão consecutivo.
O dólar comercial fechou em baixa de 0,72%, a R$ 2,3846.
Analistas destacam a preocupação do Fed com o cenário externo e com o impacto da valorização do dólar para a atividade econômica americana e para a inflação, que ainda está muito abaixo da meta, de 2%. A ata destaca que “o fraco desempenho do mercado externo pode causar desaceleração econômica no médio prazo”, e que alguns integrantes avaliam que a atual diretriz aponta para o início mais tardio da elevação de juros do que era provável.
“O Fed destacou a valorização do dólar como o canal de transmissão para a atividade doméstica e mostrou cautela em alterar o ‘forward guidance’ [orientação sobre a política monetária], mas isso não significa uma mudança do plano de voo, sinalizando que o aperto de juros deve ser de forma gradual”, diz Mauro Schneider, economista-chefe do CGD Securities.
A expectativa do mercado era que o Fed iniciasse a normalização da política monetária americana em meados de 2015, a partir de junho do ano que vem.
O tom da ata difere do comunicado da última reunião do Fed, em 17 de setembro, em que a autoridade monetária americana mostrou uma projeção mais alta para a taxa de juros, o que levou a uma valorização global do dólar.
No mercado local, seguem as especulações sobre as pesquisas eleitorais. Ontem, o Instituto Paraná apontou o candidato Aécio Neves (PSDB) à frente de Dilma Rousseff na simulação para o segundo turno, com 54% das intenções de voto contra 46% da candidata petista.
Hoje serão divulgadas as primeiras pesquisas do Ibope e do Datafolha. Ainda hoje, Marina Silva, candidata derrotada do PSB para a presidência da República, deve anunciar o seu posicionamento no segundo turno. É esperado que a candidata siga a orientação do partido pelo qual disputou a eleição e apoie o candidato tucano.
Fonte: Valor Econômico