PEDRO SOARES
Após dois meses de retração, o comércio do país registrou crescimento de 1,1 % de julho para agosto, num primeiro sinal de melhora do nível de atividade do setor.
Na comparação com agosto de 2013, o varejo mostrou uma queda 1,1%. Já nos oito primeiros meses deste ano, o setor acumula uma alta de 2,9%. A taxa em 12 meses encerrados em agosto aponta uma expansão de 3,6%.
O resultado no mês foi melhor do que o esperado pelo mercado. Segundo pesquisa da agência Reuters, a expectativa era de que as vendas subissem 0,75% em agosto na base mensal segundo a mediana das projeções.
Na comparação anual, o desempenho foi igual ao esperado por economistas entrevistados pela agência: queda de 1,1%.
Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira (15).
INDÚSTRIA
Os números estão em sintonia com a reação mostrada também pela indústria e apontam para uma expansão do PIB desde terceiro trimestre, após dois trimestres consecutivos de queda –período no qual economistas apontaram uma recessão técnica.
Em agosto, a indústria surpreendeu e manteve a tendência de melhora iniciada em julho. O setor registrou expansão de 0,7% frente ao mês anterior. Em julho, a produção industrial do país havia crescido 0,7% ante junho, interrompendo quatro meses consecutivos de queda.
Com esses dois meses seguidos de alta, a indústria soma expansão de 1,4%, mas não recompõe as perdas do período de retração do setor. De março a junho, o setor fabril acumulou uma perda de 3,4%.
CENÁRIO DESFAVORÁVEL
Apesar da retomada em agosto, o varejo sofre neste ano com a menor disposição dos consumidores de irem às compras, num ambiente de juros maiores, inadimplência elevada, freada do emprego e da renda e preços mais altos.
Com esse cenário, especialistas esperam um crescimento da ordem de 4% neste ano, num ritmo inferior ao dos anos anteriores.
SETORES
De julho para agosto, a reação do comércio ocorreu de forma quase generalizado: oito das dez atividades pesquisadas apresentaram variações positivas, segundo o IBGE.
Os destaques ficaram com o crescimento dos setores de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (7,5%), tecidos, vestuário e calçados (3,2%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (2,5%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,6%), combustíveis e lubrificantes (1,4%), móveis e eletrodomésticos (1,3%), livros, jornais, revistas e papelaria (0,9%) e material de construção (0,2%).
Segmento de maior peso no comércio, hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo registraram uma pequena queda de 0,1%.
VEÍCULOS
Outro importante ramo, o de veículos e motos, partes e peças, mostrou uma perda maior: 2,5%. O setor sofre com o consumo menor de automóveis, o crédito restrito e a intenção dos consumidores de não assumirem dívidas de valor alto, num momento em que a renda já não cresce na mesma velocidade de antes e a inflação corrói o poder de compra.
Em setembro, os emplacamentos de veículos subiram 8,08% na comparação com o mês anterior, segundo a Fenabrave (federação das distribuidoras de veículos). No entanto, ante setembro de 2013 houve retração 2,92%.
O mesmo acontece no ano. Consideradas em conjunto, as vendas de todos os segmentos do setor automobilístico acumulam retração de 7,99% nos primeiros nove meses de 2014.
Os ramos de veículos e material de construção vendem seus produtos também por atacado. Por este motivo, não integram o índice do comércio varejista.
O IBGE calcula o indicador do varejo ampliado, que incluiu também esses dois segmentos. Nesse caso, as vendas do comércio mais amplo apontaram queda de 0,4% de julho para agosto diante da queda de veículos. Já em 12 meses, a taxa se manteve positiva (0,6% até agosto), embora abaixo do varejo “puro”.
Fonte: Folha