NATUZA NERY
VALDO CRUZ
A campanha de Dilma Rousseff recebeu dados extraoficiais de que a geração de emprego em setembro virá melhor do que o esperado, superando a marca de 100 mil, mas está preocupada com recados de empresários do setor produtivo sobre a possibilidade de adoção de um plano de demissões depois do segundo turno.
Dados que serão anunciados nesta quarta-feira (15) pelo Ministério do Trabalho devem mostrar a criação de novos empregos com carteira assinada em número superior ao mês de agosto, quando foram geradas 101,4 mil vagas.
Além disso, assessores comemoravam informações preliminares indicando bons números em dois Estados-chaves na eleição: São Paulo e Pernambuco. No primeiro, Dilma perdeu para Aécio Neves (PSDB). No segundo, para Marina Silva (PSB).
Os números mais otimistas de emprego em setembro, que não devem superar, contudo, os do mesmo período no ano passado, servem como um alívio para o governo depois do que interlocutores petistas ouviram de alguns líderes do setor privado.
Empresários transmitiram a assessores presidenciais que o mercado piorou nos últimos meses e que os sinais de melhora ainda são tímidos, não deixando outra saída a não ser cortar mais empregos neste ano.
Houve a garantia, no entanto, de que nada drástico será feito antes de 26 de outubro, justamente para o setor privado não ser acusado de influenciar o eleitor contra a presidente. A lista de setores cujo perigo de demissão foi relatado ao governo atinge montadoras, fabricantes de autopeças, cadeia alimentícia e a construção civil.
Na semana passada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou, em reunião com petistas, que alguns setores estão com plano de demissão em andamento e que precisarão intensificá-lo se nada for feito.
Nos últimos meses, empresas começaram a recorrer a planos de demissão voluntária, estimular férias e a optar pelo chamado “lay-off” (suspensão temporária do contrato de trabalho) para reduzir produção diante de estoques altos e custos.
Como a legislação brasileira limita essa alternativa ao prazo máximo de cinco meses, a previsão é de demissão a partir de novembro.
Fonte: Folha