Governo reúne dados para mostrar fim da recessão



João Villaverde


Indicadores vão de estimativas para o PIB ao licenciamento de veículos, e são usados para apontar que a queda no 1º semestre ficou para trás

A planilha foi preparada pelo governo para subsidiar Dilma Rousseff e também orientar a equipe da campanha eleitoral

A presidente Dilma Rousseff tem em mãos um conjunto de indicadores econômicos do período entre julho e setembro que permitiriam ao governo federal cravar: a recessão técnica registrada no primeiro semestre acabou.

A planilha com 20 indicadores de atividade, obtida pelo Estado, foi preparada pelo governo para subsidiar Dilma e também orientar a equipe da campanha eleitoral, chefiada pelo ministro licenciado da Casa Civil, Aloizio Mercadante.

Não há, contudo, otimismo sobre a expansão do produto interno bruto (PIB) para este ano. Os técnicos avaliam que a economia crescerá algo entre os 0,27% projetado pelo mercado financeiro na pesquisa Focus e os 0,8% da última previsão do Banco Central. Mas há animação em relação à melhora verificada no terceiro trimestre. Um economista do governo, que falou sob condição de anonimato, resume: “É bom quando os números deixam de ser negativos depois de um início de ano tão difícil”.

No governo, onde oficialmente a recessão técnica, ou recuo do PIB por dois trimestres consecutivos, não é reconhecida, os números do terceiro trimestre têm trazido confiança aos gabinetes da equipe econômica. Tem sido festejado o indicador de PIB do Itaú Unibanco, que apontou uma aceleração – alta de 0,8% em julho seguida de nova elevação de 1% em agosto. Mesmo que o indicador tenha ficado zerado em setembro, o PIB terá aumentado no conjunto do trimestre.

Este é o cenário de melhora dos indicadores que tem sido apresentado a empresários de diversos setores nas últimas semanas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, seu secretário de Política Econômica, Márcio Holland, e também por Mercadante, o coordenador da campanha de Dilma.

Na planilha, há indicadores de todo tipo. Estão desde os índices sobre fluxo de veículos pesados em rodovias até cálculos mensais do BC e do banco Itaú Unibanco sobre PIB, passando pela produção industrial, licenciamento de veículos e dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Exceções. Entre julho e agosto, meses onde todos os 20 indicadores já estão disponíveis, há apenas quatro com sinal negativo – isto é, indicando queda. Em julho, as vendas no varejo restrito caíram 1%, feito o ajuste sazonal. Mas a queda, pondera-se, foi imediatamente compensada pela elevação de 1,1% do mesmo indicador em agosto. Para setembro, o governo avalia ter sido registrada “uma leve alta”, mas aguarda dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O fluxo de veículos pesados em rodovias, que indicam incremento dos negócios, foi outro dado cuja queda, em agosto, foi compensada. Depois de expandir-se 3,2% em julho, o indicador da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR) recuou 0,6% em agosto. Em setembro, porém, teve alta de 0,5%.

Dos dez indicadores de setembro, apenas um registrou queda até aqui: a expedição de papelão ondulado, termômetro relevante para a produção industrial. Em setembro, houve queda de 0,1% na comparação com agosto. Nos dois meses anteriores, no entanto, a Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO) anunciou altas de 11,4%, em julho, e de 1,1%, em agosto.

Desde o início do segundo turno, reuniões técnicas têm sido realizadas no Ministério da Fazenda, tanto em Brasília quanto em São Paulo. Também em encontros informais com empresários, ao longo da campanha, os técnicos do governo têm apontado para a melhora dos indicadores, no anseio de recuperar a confiança do setor privado e, assim, ampliar a taxa de investimentos.

Desde o início do governo, em 2011, a presidente Dilma Rousseff anunciou nada menos do que 34 pacotes com medidas para estimular a economia. Seu 35.º está pronto para ser anunciado, e consiste na unificação e simplificação de dois dos tributos mais complexos do Brasil – o PIS e a Cofins. A mesma medida é defendida por seu rival na disputa pela presidência, Aécio Neves (PSDB).

Fonte: Estadão


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