Por Folhapress
Mais da metade das empresas fundadas no Brasil fecha as portas após quatro anos de atividade, segundo a pesquisa Demografia das Empresas, realizada pelo IBGE e divulgada na manhã desta sexta-feira. Das 694 mil empresas que nasceram em 2009, apenas 47,5% ainda estavam em funcionamento em 2013. Após o primeiro ano de funcionamento, 158 mil fecharam as portas, segundo a pesquisa. “Sabemos que 2009 foi um ano crítico de póscrise na economia e que uma parte das empresas teve mau desempenho.
Mas o estudo não aprofundou essa avaliação”, disse Francisco Marta, pesquisador do IBGE e gerente da pesquisa. Abrir um negócio e eventualmente fracassar é da vida de empreendedores. Apostas erradas, planos de negócios ruins, erros na administração fazem parte do risco de quem cria uma empresa a partir do zero. O estudo não entra em detalhes sobre os motivos para o fechamento de tantas empresas, mas problemas como excesso de burocracia e carga tributária são com frequência apontados como obstáculos no Brasil.
Segundo o Doing Business, relatório de competitividade do Banco Mundial, uma empresa de São Paulo dedica 2.600 horas por ano para pagar impostos. A média dos países da América Latina é 365 horas. A capacidade de sobrevivência das empresas brasileiras depende, claro, do ramo de atuação e mesmo do porte de cada companhia, revela a pesquisa do IBGE. As empresas que têm mais funcionários tendem a ter uma taxa mais alta de sobrevivência.
O motivo é simples: é mais custoso para o empresário fechar uma empresa que tenha muitos funcionários. Além disso, um parcela das empresas sem funcionários representa, na verdade, apenas uma forma de pessoas físicas prestarem serviços a empresas. Neste caso, a empresa pode eventualmente durar somente no período em que o serviço for prestado. A sobrevivência das empresas sem pessoal ocupado fundadas em 2009 era de apenas 40,9% em 2013. Esse percentual subia para 76,7% entre as empresas com 10 ou mais pessoas assalariadas. Das atividades com menor taxa de sobrevivência após quatro anos de atividades está o grupo comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas.
Entre as empresas fundadas em 2009, apenas 46% estavam em atividade em 2013. Já entre as atividades que mais persistem estão os setor de saúde humana e serviços sociais e de atividades imobiliárias, com taxas de 61,6% e 58,9%, respectivamente, segundo a pesquisa divulgada pelo IBGE. Em 2013, 696 mil empresas se tornaram inativas, ou seja, saíram do mercado, segundo o IBGE. Porém, outras 871,7 mil entraram no mercado, entre nascidas (criadas no próprio ano) e reentradas (após ficar um ano ou mais fechadas).
O país tinha assim 4,8 milhões de empresas ativas em 2013. Desse total, 81,7% eram sobreviventes (com mais de um ano de operação). O restante são as empresas que entraram no mercado no ano passado. O estudo do IBGE divulgado nesta sexta-feira é, evidentemente, um olhar pelo espelho retrovisor. Com a recessão em curso na economia, a expectativa é que mais empresas fechem as portas no país neste ano do que no passado. Segundo dados do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), administrado pelo Boa Vista, os pedidos de falência tiveram alta de 9,2% no primeiro semestre de 2015 em comparação com o mesmo período de 2014. A recuperação judicial cresceu 17,2%.
Fonte: Valor