[:pt]Para diretor-presidente do Sebrae, juro no Brasil é “pornográfico” [:]

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Por Eduardo Campos BRASÍLIA ­

O diretor­-presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, criticou as taxas de juros praticadas no país, chamando­as de “pornográficas”, e voltou a cobrar a liberação de depósitos compulsórios pelo Banco Central (BC) para o financiamento do capital de giro para pequenas e médias empresas (PMEs). Afif falou na abertura do “Fórum de Cidadania Financeira”, promovido pelo BC e Sebrae. Segundo Afif, entre a taxa básica de juros e a taxa cobrada na ponta, “existe uma cadeia alimentar muito grande”.

Ele disse ter enviado uma proposta para liberação de compulsórios que previa a destinação de 20% do montante sobre depósitos à vista, somando R$ 40 bilhões. Segundo Afif, que falou com a imprensa após sua apresentação, quando apresentou essa proposta, no começo do ano, a resposta do BC foi um “estrondoso silêncio” que, segundo ele, persiste até agora. Afif também apontou que era uma “pena” o presidente do BC, Alexandre, Tombini não estar presente, mas ele reforçou o pedido de liberação de compulsórios. “As pequenas e médias empresas precisam de oxigênio para passar por esse período de crise.

Elas estão sustentando o emprego, com saldo positivo de geração de vagas de 109 mil postos no ano”, disse. Ainda de acordo com o diretor­presidente do Sebrae, o sistema financeiro brasileiro é eficiente e soube enfrentar a crise, mas o efeito colateral é uma grande concentração, com dois bancos públicos e três privados com quase 90% das operações. “As instituições são grandes demais para atender ao pequeno empreendedor”, disse na sua apresentação.

Afif apresentou dados sobre a pesquisa de relacionamento da micro e pequena empresa com o sistema financeiro. Em 2015, 17% das micro empresas tomaram empréstimos novos e 24% das pequenas. O valor médio é de R$ 36 mil nas micro e de R$ 56 mil nas pequenas e o capital de giro é o dinheiro mais procurado. “Hoje, em termos de educação financeira é bom mesmo que se avise, porque tomar dinheiro a 4% ao mês quebra qualquer um. A taxa de juros, hoje, é pornográfica”, disse.

Ainda de acordo com os dados apresentados por Afif, o principal financiador do segmento é o fornecedor, que respondente pelo financiamento de 72% das micro e 76% das pequenas empresas. “O famoso cheque pré­datado, que é uma jabuticaba, é usado por 51% das micro e 57% das empresas de pequeno porte”, disse. A pesquisa também aponta que o relacionamento com o sistema financeiro se dá pela conta pessoa física do dono na empresa, com 84% nas micro e 89% nas pequenas empresas.

Segundo Afif, há muito crédito para consumo e pouco para a produção e com a extinção da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, que ele ocupava antes de assumir o Sebrae, o trabalho do Sebrae é liderar as políticas para o setor. O ex­ministro também defendeu a aprovação, pelo Senado, da ampliação do Simples Nacional, que aumenta os tetos de enquadramento no regime tributário diferenciado.

O Ministério da Fazenda já se mostrou contrário à ampliação pelo custo fiscal envolvido. Segundo ele, é papel da Receita Federal fazer as críticas, já que sua visão é fiscalista, não acreditando que com mais gente pagando menos imposto se arrecada mais. Para ele, o Simples prova o contrário, mostrando melhoria da arrecadação ano após ano.

Fonte: Valor[:]

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