Modalidade contará com mais recursos com juros baixos e prazos maiores
No momento em que, endividados, os empresários brasileiros evitam tomar empréstimos no sistema financeiro nacional, o governo lançará, hoje, linhas de crédito do BNDES para estimular as exportações de manufaturados dos mais diversos setores da economia. Serão anunciadas novas condições de financiamento, com destaque para prazos mais longos e ampliação de recursos financiados pela taxa de juros de longo prazo (TJLP), hoje em 7,5% ao ano.
– Ao contrário de operações na área de infraestrutura, que são mais complexas, o crédito a exportações costuma dar uma resposta rápida – disse ao GLOBO o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro. A desvalorização do real frente ao dólar abre várias oportunidades para a expansão das vendas externas, enfatizou o ministro. Segundo ele, o Brasil já colhe os efeitos do ajuste cambial, com a substituição de importações. Ele citou como exemplos bem sucedidos os setores de calçados e de têxteis e confecções. A estimativa da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Vestuário) é que mais de 250 milhões de peças importadas foram substituídas por nacionais. Também já ocorre recuperação nas exportações de calçados. Por outro lado, a inflação está desacelerando, o que abre espaço para aqueda dos juros – afirmou Monteiro.
Deixando claro que jamais trabalhou com a hipótese de a presidente Dilma Rousseff ser afastada do cargo, ele disse que, mesmo se o impeachment passasse, o governo teria de enfrentar problemas graves e urgentes, em que a saída é o ajuste fiscal. É preciso fazer um ajuste de curto prazo para fechar as contas, através da construção de um novo regime fiscal no Brasil. O ajuste de curto prazo, em face da queda da arrecadação, que tem sido muito forte, tem que encontrar fontes extraordinárias de receita. Eu, que sempre fui contra a CPMF, reconheço que a medida é importante, tendo em vista que a margem de manobra é muito estreita – enfatizou. Esse novo regime fiscal ao qual o ministro se referiu incluiria uma ampla agenda de reformas, como a da Previdência. Outra medida consiste na instituição de uma trava fiscal, com a revisão de programas assistenciais, regimes de isenção e renúncias tributárias.
Fonte: O Globo