O que era lixo virou desenvolvimento

A produção anual de papelcartão da Ibema chega a 140 mil toneladas. Esse volume é obtido em duas unidades industriais, uma instalada na cidade de Turvo, no Paraná, e outra, em Embu das Artes, São Paulo. A sede da empresa, que tem ao todo cerca de 880 colaboradores, fica em Curitiba e seu centro de distribuição direta, em Araucária, também municípios paranaenses. A Ibema está prestes a lançar um papelcartão de alta performance em brancura e rigidez, produto que será fabricado com base em fibras pós-consumo (PCF – Post Consumer Fibers). A matéria-prima desta novidade é composta de aparas de papelcartão fornecida por cooperativas de catadores.

Do ponto de vista de preservação do meio ambiente, os ganhos são significativos. “O material que vem do lixo para a indústria se transforma em novas embalagens, e depois disso pode ser novamente reciclado”, explica Fabiana Staschower, executiva de Inovação de Embalagens da Ibema. “Esse novo produto evita que materiais sejam jogados e destinados a aterros sanitários. Isso reforça ainda mais a sustentabilidade do papelcartão como fonte de matéria-prima para embalagens”, acrescenta.

A relação da empresa com as cooperativas é feita por meio da parceria com a Boomera, startup especializada em desenvolver soluções tecnológicas para viabilizar a reciclagem de resíduos mais complexos, como fraldas descartáveis e cápsulas de café expresso. Com escritório em São Paulo (SP) e fábrica em Cambé (PR), a Boomera trabalha com uma rede de 200 cooperativas de coleta de resíduos sólidos distribuídas por 17 Estados do Brasil, inclusive doando equipamentos como prensas e esteiras e os de proteção individual (EPI).

No caso da parceria com a Ibema, são identificadas as cooperativas que podem oferecer o material apropriado. “A Boomera veio para nos ajudar a estruturar a rede de cooperativas e treinar as equipes que vão separar as aparas de papelcartão”, explica Fabiana, que destaca a importância das cooperativas para o sucesso do novo projeto. “É só por meio delas que conseguiremos captar matéria-prima de qualidade, assegurando a performance do produto e a rastreabilidade que os clientes querem.” Do lado dos catadores, o impacto positivo é o incentivo às cooperativas, gerando mais oportunidades de trabalho e de obterem melhor remuneração.

Logística reversa

Outro exemplo de como indústrias e cooperativas de catadores podem trabalhar em conjunto vem do norte do Paraná. Criado em 2016, a partir de uma parceria com os governos estadual e municipal, o Ilog (Instituto de Logística Reversa) implantou duas Centrais de Valorização de Materiais Recicláveis, uma em Maringá e outra em Londrina, que envolveram investimentos de R$ 3 milhões. O retorno também pode ser medido em números: já foram processadas mais de 3,36 mil toneladas de materiais (vidro, papelão, embalagens longa vida, papel branco, papel misto e embalagens pet) que retornaram às indústrias como matéria-prima. Em Londrina, o projeto conta com a participação da ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos).

Segundo Nilo Cini Jr., diretor e um dos fundadores do Ilog, mais três unidades dessas centrais, chamadas de CVMR, devem ser implantadas até o ano que vem. Todas em cidades paranaenses: Curitiba, Céu Azul (em parceria com a Itaipu) e Colombo. “Por meio de nossos associados – mais de 300 empresas, que contribuem financeiramente –, apoiamos as centrais, inclusive para a elaboração de plano de investimento”, diz Cini. “A ideia é manter o acompanhamento pelo prazo de 12 ou 18 meses, mas depois devem caminhar sozinhas. Até porque as centrais são responsáveis pela sustentabilidade financeira das cooperativas primárias, que envolvem os catadores.”

A divisão de parte dos lucros entre os associados, tanto das centrais quando das cooperativas primárias, é uma forma de estimular todo o sistema. Essa verba também é destinada aos investimentos no próprio negócio. O modelo tem atraído novos participantes, que passam por um processo de avaliação antes de ingressarem. “Fazemos uma visita de vistoria técnica das cooperativas para que possam participar. É apenas um diagnóstico para sabermos se há condições, mas não segregamos”, comenta Cini. “Até hoje, todas as cooperativas que quiseram participar foram bem recebidas. E tem mercado para o material coletado”, acrescenta o diretor do Ilog.

Entre os benefícios do projeto para o desenvolvimento social, Cini destaca a geração de empregos nos municípios de atuação do Ilog e das centrais, inclusive estimulando o associativismo e o cooperativismo. “Além da contribuição para a construção de uma sociedade sustentável, esse trabalho também ajuda a melhorar a renda de dezenas de famílias de catadores cooperados, que são fundamentais no processo de separação e triagem das embalagens, agregando valor na comercialização desse material”, avalia o executivo.

 Fonte: MundoCoop
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