Além de campanhas institucionais, executivos apelam até aos filhos para comover
Entidades setoriais, grupos empresariais e até empresários individualmente reforçaram as pressões sobre deputados na manhã desta quarta-feira (10) em defesa da reforma da Previdência.
Além de iniciativas institucionais, como a campanha da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que lançou uma série de anúncios oficiais, empresários argumentam em nome de seus próprios filhos.
Minutos após a abertura da sessão na Câmara para a votação, um deputado recebeu em um grupo de Whatsapp a seguinte mensagem de apelo partida de um grande empresário do setor de energia:
“Tá rolando uma fofoca que você quer colocar umas emendas para enfraquecer a Previdência! Por favor, não faça isso.”
Em tom dramático, o empresário continua: “Pense no futuro do Brasil. Quanto mais economizar, mais sobra para nossos filhos.”
Mais um membro do grupo, do qual fazem parte donos de companhias de setores diversos e executivos do mercado financeiro, completa:
“Eu também recebi isso [a fofoca] em outros grupos porque as pessoas sabem que eu te conheço. Estou te defendendo, mas conto com você. Pode nos explicar?”, inquire o outro.
O deputado responde que é favorável ao projeto.
Para além das convocações pessoais, a artilharia do setor privado em defesa da reforma amanheceu afiada. Há quase um mês, a Fiesp já havia começado uma campanha pelas redes sociais com vídeos de personagens falando em defesa do assunto.
Nesta quarta, a mobilização cresceu com anúncios que listam mais de uma centena de associações e sindicatos patronais em apoio à causa. Entre elas estão ABIP (borracha), ABIHPEC (higiene pessoal), ABIC (café), ABINEE (eletrônicos), SINAVAL (indústria naval) e dezenas de outros.
O anúncio diz: “Nova Previdência: Não é uma questão política nem ideológica. É matemática”.
Gabriel Kanner, líder do movimento Brasil 200, que reúne nomes como Flavio Rocha (Riachuelo) e Luciano Hang (Havan), também distribuiu memes nas páginas do grupo em redes sociais. “#Reformajá! Embaixador japonês diz que reformas atrairão empresas para o Brasil”, afirma a mensagem.
A abordagem é menor sobre o PT, segundo o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP).
“Eles não pressionam o PT porque sabem que somos contra, mas nos procuram para conversar, para emitir e ouvir opinião, principalmente a área de bancos, investidores. Querem medir nossa posição”, diz Carlos Zarattini (PT).
“Agora, eles estão atuando fortemente no Congresso, em cima do PDT e PSB”, afirma o petista.
Sâmia Bomfim (PSOL-SP) diz que seu partido também tem sido alvo menor do empresariado porque sua posição contra a reforma é clara, mas que chegou a ser convidada para eventos da FIESP sobre o tema.
“Nunca fui”, diz ela. “Mas vejo muitos representantes de grupos empresariais panfletando na entrada das reuniões da comissão especial e do plenário, tentando marcar reunião com o presidente e o relator, que têm as agendas tomadas por isso”, afirma.
Fonte: Folha de S. Paulo