As vendas de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos cresceram 22,6% em julho na comparação com mesmo mês do ano anterior, segundo a associação que representa as empresas do setor, a Abihpec. O setor espera registrar crescimento até o fim do ano, embora já projete ritmo menos intenso.
“Os resultados vieram muito acima da nossa expectativa. Esperávamos menos da metade disso”, afirma João Carlos Basílio, presidente da Abihpec.
O principal motivo do otimismo é o segmento de perfumaria, que cresceu 32,3% em julho, também na base anual. “Sem dúvida tem o impacto do auxílio emergencial, mas também é um produto que as pessoas gostam de ganhar”, diz Basílio. Ele prevê um Natal de fortes vendas para os perfumes nacionais. “Há também uma menor concorrência, porque as pessoas não vão viajar para o exterior e o dólar alto pressiona os preços dos perfumes importados.”
Os segmentos de higiene pessoal e de cosméticos cresceram 18,7% e 31,7%, respectivamente, com destaque para álcool em gel (96%) e cuidados para pele (60%), em cada uma dessas divisões. Já o segmento de tissue, como são chamados os papéis para fins sanitários, cresceu 5,4%, em velocidade menor do que se via nos primeiros meses da pandemia da covid-19.
Preços
A pressão dos preços, porém, é o que preocupa o setor nesse momento. Segundo o presidente da associação, os preços já estão com alta expressiva, em torno de 25% a 30%. Ele cita o exemplo do alumínio, muito utilizado em embalagens de produtos do setor, como os desodorantes que utilizam tubos monoblocos. De acordo com Basílio, em reunião na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) as siderúrgicas já sinalizaram reajuste na ordem de 18% entre outubro e novembro.
“Ficamos receosos com o fim do ano já que os dissídios salariais estão sendo corrigidos pela inflação IPCA, que está baixa. Além disso, o auxílio já está pela metade do valor. Então está difícil para fazer o repasse, mas vai chegar o momento em que o reajuste vai ter que acontecer.” Ele ressalta, também, que já se fala em falta de produtos em casos de quem estava com estoques baixos.
Retração
Entre os produtos com vendas em queda, Basílio destaca os protetores solares, cujas vendas recuaram 27%, e os absorventes e fraldas, que caíram 16,4% e 11%.
No caso do item cosmético, ele atribui a queda em parte à sazonalidade, mas diz que o atraso na aprovação de produtos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem limitado os lançamentos das companhias. “Hoje a fila de aprovação já é de mais de 150 dias. Somos favoráveis à análise, mas entendemos que ela deve acontecer quando o produto já está no mercado.”
Já os absorventes e fraldas, que compõem o segmento de higiene pessoal, têm caído mesmo com preços controlados e com o auxílio do governo, o que preocupa o setor. “Mostra a falta de poder aquisitivo das classes D e E, afinal esses são itens essenciais.”
Fonte: Valor Econômico