Webinar INOVAÇÃO ABIHPEC debate Mudanças Climáticas e os Desafios para a Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos
As mudanças climáticas apresentam diversos desafios para a indústria, que incluem o impacto na cadeia de suprimentos, podendo provocar interrupção na produção, escassez de matéria-prima, além do aumento de custos logísticos. Por outro lado, alterações nas condições do clima também podem provocar mudanças de hábitos que exigirão, da indústria, inovação e criatividade para o desenvolvimento de produtos mais agradáveis ao uso e mais eficientes para o combate às adversidades ambientais. Para discutir como enfrentar esses e outros problemas, além de identificar boas oportunidades de negócios, a área de Inovação e Tecnologia da Associação Brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) promoveu, nos dias 30 e 31 de maio, o Webinar Mudanças Climáticas e os Desafios para Indústria de HPPC.
A importância da Amazônia para o combate das emergências climáticas foi um dos pontos abordados por Luciana Rizzo, professora associada da USP. Considerada um dos principais “sumidouros” de carbono do planeta, a Amazônia é responsável por absorver grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera – cerca de 500 milhões de toneladas por ano – ajudando a equilibrar o clima e reduzir as mudanças climáticas.
O impacto na produção do eucalipto também foi um dos tópicos do webinar trazidos por Fabrina Martins, professora associada da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI). A planta é considerada um ingrediente versátil para a indústria, sendo aproveitado em diversos produtos e embalagens. “A alteração nos padrões climáticos coloca em risco o seu desenvolvimento, por isso, especialistas apontam a necessidade de ações alternativas de plantio e manejo, com objetivo de reduzir a vulnerabilidade da espécie” disse Fabrina.
Com as mudanças constantes de temperaturas e os padrões climáticos, há maior preocupação da indústria com a influência dos fatores ambientais na saúde da pele e dos cabelos. O fenômeno conhecido como ‘expossoma’ foi objeto de estudo de Ana Letícia Yamamoto. A doutoranda da UNIFEI, afirma que a análise desses fatores, sobretudo o impacto da radiação ultravioleta, temperatura e umidade relativa é fundamental para reduzir e mitigar esses danos.
Flávia Addor, dermatologista, diretora técnica no Grupo MEDCIN e membro do Conselho Científico-Tecnológico da ABIHPEC, e Silas Arandas Monteiro, gerente de Ciências da Natura, endossaram o tema do expossoma, mostrando como o fenômeno pode contribuir ainda para aceleração do envelhecimento. De acordo com a análise dos especialistas, a indústria tem apresentado evidências científicas e recursos cada vez mais aprimorados para neutralizar esses problemas.
Mario Narita, CEO da Narita Strategy & Design e membro do Conselho Científico-Tecnológico da ABIHPEC, mostrou como as marcas estão lidando com as novas demandas de consumidores dentro deste cenário de mudanças climáticas e qual a parcela de responsabilidade da indústria diante da extração de matérias-primas, comercialização e descartes de embalagens.
O especialista indica a necessidade de fixar a sustentabilidade como um vetor de negócio e implementar estratégias criativas que utilizem o sistema 3R (reduzir, reutilizar e reciclar), bem como ações de comunicação e marketing para reforçar e apoiar causas sustentáveis.
“A discussão da mudança climática é estratégica para o país e para toda indústria”, comentou João Carlos Basilio, presidente-executivo da ABIHPEC. “Por isso, a nossa associação está cada vez mais engajada e empenhada em identificar os desafios e as oportunidades acerca das mudanças climáticas de modo a apoiar nossos parceiros e estimular ações sustentáveis em benefício do planeta e da indústria brasileira”, completou Basilio.
“A agenda sobre mudanças climáticas tem estado no radar das nossas discussões no Conselho Científico-Tecnológico há alguns anos, com o intuito de antecipar tendências, alertar para os desafios, mas também com o objetivo de identificar as oportunidades para a nossa indústria, promovendo discussões e reflexões em encontros como esse com as empresas, e que fazem parte das atribuições da nossa área de Inovação e Tecnologia”, explicou a gerente do departamento, Marina Kobayashi.
Fábio Brasiliano, diretor de Meio Ambiente para Bioeconomia e Clima da ABIHPEC, afirmou que a sustentabilidade é parte fundamental da agenda de trabalho da entidade. A pauta, dentre outros macrotemas, está fundamentada em pilares como a logística reversa, a biodiversidade e bioeconomia e as mudanças climáticas. Além da promoção de debates, capacitação de profissionais, difusão de pesquisas, Fábio destacou o trabalho do programa “Mãos Pro Futuro”, pioneiro em logística reversa no setor de HPPC.
O webinar Mudanças Climáticas e os Desafios para a Indústria de HPPC contou também com as participações de Renato Lima, Diretor e Professor Titular de Logística e Transportes do Instituto de Engenharia de Produção e Gestão da UNIFEI e Lincoln Alves, Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Os dois dias do encontro foram mediados por Sérgio Gonçalves, diretor da K4R Consulting e Presidente do mesmo Conselho Científico-Tecnológico da ABIHPEC, e Marcelo de Paula Corrêa, Professor titular e Diretor do Instituto de Recursos Naturais da UNIFEI e membro do mesmo Conselho.