Rodadas tecnológicas realizadas pela ABIHPEC destacam inovações em biotecnologia no setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos

O objetivo do evento foi aproximar instituições de pesquisa e desenvolvimento das indústrias do setor

Os diversos usos e aplicações da biotecnologia que estão revolucionando os processos de fabricação e os produtos, alavancando a sustentabilidade no setor de HPPC foi o tema da primeira edição de 2024 das Rodadas Tecnológicas ABIHPEC, um encontro exclusivo realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Industrial (Embrapii). O evento reuniu especialistas de institutos de pesquisa e startups que apresentaram soluções biotecnológicas inovadoras – desenvolvidas ou em estágio avançado de desenvolvimento – a empresas do setor interessadas no tema. O objetivo foi estimular a conexão, a troca de conhecimentos e fomentar a colaboração estratégica entre os diversos players do mercado para impulsionar as inovações na indústria de produtos de HPPC.

O presidente-executivo da ABIHPEC, João Carlos Basilio, abriu o evento e reforçou o papel da entidade no estímulo à inovação do setor explicando que o projeto das Rodadas Tecnológicas coloca em prática o potencial de aceleração em desenvolvimento de P&D levando tecnologia e inovação para as empresas associadas à entidade, assim como para o mercado de forma geral.

A primeira parte do encontro foi dedicada a apresentar um modelo de fomento à pesquisa e desenvolvimento focado na parceria e colaboração entre iniciativas públicas e privadas. José Menezes, Gerente de Relações com o Mercado da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) mostrou como funciona o modelo de operação da instituição. A EMBRAPII é uma Organização Social que apoia instituições de pesquisa tecnológica fomentando a inovação na indústria brasileira. Já investiu mais de R$ 4,03 bilhões em projetos de empresas em P&D, tem 1.774 empresas clientes e mais de 2,6 mil projetos apoiados. A média de aporte feito em projetos é 33% do valor total do projeto e este valor não é reembolsável, isso significa que as empresas não precisam restituir futuramente pelo aporte recebido. O ticket médio por projeto é de R$1,53 milhão e o prazo médio de desenvolvimento, de 18 meses.

O modelo de atuação é muito simples, não tem edital e os projetos, em média, iniciam em até 60 dias. “A grande vantagem do nosso modelo de negócio é que toda a burocracia de P&D fica com a gente. Nós conectamos instituições de pesquisa científica e tecnológica, públicas ou privadas, com as necessidades das indústrias. Os riscos do projeto são compartilhados entre as organizações participantes. Funcionamos como um sistema de gestão de P&D. Atendemos grandes empresas como Natura e Boticário, até pequenas e médias, por meio de parceria com o SEBRAE”, explica Menezes.

Na segunda parte do evento, instituições de pesquisa e startups apresentaram suas soluções em biotecnologia e cases de sucesso que demonstraram, de forma muito prática, as aplicações na produção de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos.

A startup DruGet mostrou sua solução de métodos alternativos, que elimina o uso de testes em animais e propõe o uso de ferramentas computacionais para testes de moléculas. A Apoena Biotech apresentou sua solução de obtenção de ativos a partir de microorganismos, para produção de pós-bióticos anti-aging e para ação capilar. A Biopolix trouxe seu estudo sobre a Xantana, um biopolímero microbiano, mundialmente utilizado em alimentos e fármacos, mas que tem grande potencial para o setor de HPPC para trazer suavidade e textura mais leve para cremes e géis, além de aumentar a capacidade antioxidante dos cosméticos. A Plantus apresentou uma tecnologia inédita para a produção de óleos bio-fermentados, cujos benefícios são o aumento nos prazos de validade dos produtos e maior absorção pela pele. Outro destaque foi a Quantis que tem um pipeline de terapias regenerativas in vivo para tratamentos de tecidos e órgãos humanos danificados pelo envelhecimento, trazendo uma nova tecnologia para a produção de biomateriais humanos.

Dentre as apresentações dos institutos de pesquisa, e Eamim Squizani, Coordenadora de Biotecnologia do SENAI CETIQT falou sobre a próxima revolução tecnológica industrial. “O futuro da indústria de cosméticos é bio. A biotecnologia nos oferece uma solução sustentável, do ponto de vista ambiental, social e econômico”, afirmou. Eamim mostrou ainda que, segundo projeções do Boston Consulting Group, o mercado de produtos de HPPC vai sofrer uma revolução nos próximos 3 anos, e esta revolução vai estar baseada no uso da biotecnologia. Na unidade de biotecnologia do SENAI CETIQT, 60% das pesquisas aplicadas em pequenas, médias e grandes empresas são em cosméticos. Ela destaca duas linhas de pesquisa no campo do setor de HPPC: a produção de ingredientes sustentáveis a partir da fermentação de precisão e a fabricação de produtos personalizados, baseados no genoma e no mapeamento do microbioma do indivíduo.

Marcelo de Paula Correa, Professor Titular e Diretor do Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá/MG e membro do Conselho Científico e Tecnológico da ABIHPEC, encerrou o evento parabenizando as empresas por todas as soluções apresentadas e destacando o importante papel da ABIHPEC como agente fomentador da inovação do setor de HPPC. “Outro ponto que chamou minha atenção, foi ver que as mulheres são as grandes protagonistas da pesquisa em biotecnologia atualmente. Isso me traz grande satisfação e a certeza de que estamos indo num bom caminho para o desenvolvimento tecnológico do país”, afirmou.

Sobre a ABIHPEC – A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) é uma entidade privada que tem como finalidade representar nacional e internacionalmente as indústrias do setor, instaladas em todo país e de todos os portes, promovendo e defendendo os seus legítimos interesses, por meio de ações e instrumentos que contribuam para o seu desenvolvimento, buscando fomentar a competitividade, a credibilidade, a ética e a evolução contínua de toda a cadeia produtiva.

 

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