IA aumenta precisão e eficiência em Métodos Analíticos para cosméticos
Processos utilizados para testes de qualidade, segurança e eficácia de produtos estão sendo aprimorados com o uso de inteligência artificial; tema foi abordado em webinar promovido pela ABIHPEC
A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) realizou um evento com foco nas transformações digitais que a Inteligência Artificial (IA) está promovendo no desenvolvimento de métodos analíticos no setor. Com mediação de Ariadne Morais, diretora de assuntos técnicos e regulatórios da ABIHPEC, especialistas de dados e líderes da indústria compartilharam experiências e discutiram como a tecnologia está sendo integrada a práticas regulatórias, desenvolvimento de produtos e inovação digital, com impactos que já vêm transformando o mercado.
Rodrigo Ottoni, titular da Gerência-Geral de Cosméticos e Saneantes (GGCOS) da Anvisa, destacou os desafios e avanços da agência na utilização de IA em seus processos regulatórios. Ottoni explicou que a integração da tecnologia aos sistemas da Anvisa é uma etapa complexa, mas importante, especialmente para garantir a segurança e privacidade dos dados. Para ele, a IA representa uma oportunidade para melhorias nas análises documentais, tornando-as mais ágeis e padronizadas, o que pode trazer ganhos significativos em termos de tempo e resultados nas aprovações de novos produtos. A Anvisa, segundo Ottoni, está comprometida em adotar a tecnologia de forma ética e transparente, fomentando parcerias estratégicas com universidades e setores empresariais para desenvolver soluções que beneficiem a vigilância sanitária e a sociedade.
Na sequência, Matheus Garibaldi, diretor de dados e produtos de IA do grupo Boticário abordou conceitos básicos e históricos sobre Inteligência Artificial.
O evento também trouxe a diferenciação dos conceitos de IA Preditiva e IA Generativa, bem como suas diferentes aplicações no setor de cosméticos. Segundo o cientista sênior de inovação digital da Kenvue, Lucas Pedro Cipullo, a IA Preditiva, que utiliza dados para identificação de padrões e realização, tem sido aplicada em estratégias de precificação, detecção de fraudes e otimização logística. Já a IA Generativa se destaca pela criação de conteúdo, auxiliando na elaboração de novas formulações e ferramentas de interação com consumidores. O especialista ressaltou que essas abordagens complementares oferecem um leque de oportunidades para que o setor se aproxime das demandas de personalização, uma expectativa cada vez mais alta entre os consumidores modernos.
Carlos Magno, líder de ciência de dados do Grupo Boticário, defendeu que as soluções tecnológicas devem ter a premissa de atender às dores específicas do negócio, e não serem adotadas apenas pela novidade que representam. Um planejamento eficaz, de acordo com o especialista, começa com uma coleta de dados estruturada e organizada, capaz de alimentar os modelos de IA com informações consistentes. Além disso, incluir dados de testes mal sucedidos, por exemplo, permite o treinamento contínuo do sistema, favorecendo análises cada vez mais robustas e confiáveis.
Trazendo uma visão prática de como a implementação gradual da IA pode trazer segurança e confiabilidade aos processos, Desiree Schuck, gerente sênior de Performance de Produto do Grupo Boticário, reforçou que operar a IA em paralelo com os métodos tradicionais permite validar resultados de maneira mais controlada, minimizando riscos. Além disso, Schuck destacou que a IA não substitui o papel do ser humano, mas o potencializa, auxiliando em tarefas repetitivas e de grande volume, como a análise de dados em larga escala e a detecção de fraudes. A tecnologia se torna, assim, uma aliada para que os profissionais possam focar em atividades estratégicas e de alta complexidade.
Por fim, Alexandre Carrara, gerente de P&D Analítico da Kenvue, trouxe uma apresentação focada no impacto da IA nos laboratórios analíticos, essenciais para o controle de qualidade e desenvolvimento de novos produtos. Nesse sentido, a IA é capaz de otimizar fórmulas, avaliar a estabilidade de ingredientes e realizar testes com maior precisão. A tecnologia tem ampliado a capacidade dos laboratórios para responder rapidamente às demandas do mercado, permitindo uma triagem mais eficiente de ingredientes e avaliação detalhada das propriedades sensoriais dos produtos, o que resulta em maior inovação e qualidade.
Este webinar teve idealização e curadoria de Juliana Cibi, responsável pela área de soluções analíticas e performance de produtos do Grupo Boticário e Alexandre Carrara, gerente de P&D analítico da Kenvue, que coordenam o grupo de trabalho da ABIHPEC sobre Métodos Analíticos. Caso você seja um associado da ABIHPEC e/ou SIPATESP e tenha interesse em fazer parte desse grupo, envie um e-mail para kamilla@abihpec.org.br.