A desvalorização cambial verificada neste ano não conteve as compras de produtos industriais importados, que aumentaram a presença no mercado brasileiro de janeiro a maio e ampliaram o déficit na balança comercial do setor em relação ao mesmo período do ano passado. Nos cinco primeiros meses de 2012, o Brasil comprou US$ 30,4 bilhões mais do que vendeu em produtos industrializados. Apenas o crescimento das importações de combustíveis, impulsionado pelo consumo interno, foi responsável por 44% da expansão de US$ 5 bilhões do déficit verificada na comparação com 2011.O forte aumento do déficit, no entanto, embute uma estabilidade no saldo – seja negativo, ou positivo – de 11 entre os 25 setores analisados no boletim da Secretaria de Desenvolvimento da Produção do Mdic. Entre os setores com déficit estável estão o químico e o de material elétrico e eletrônico.Nos primeiros cinco meses do ano, as importações de industrializados alcançaram US$ 79,4 bilhões, com crescimento quase 10% maior do que nos cinco primeiros meses do ano passado, ao passo que as exportações subiram menos (3,7%) e somaram US$ 49 bilhões. Esses números indicam que a conjuntura interna e, principalmente, a externa, afetaram mais a balança do que a mudança no patamar do real, que ficou 11,2% mais barato em relação ao dólar entre janeiro e maio. A desaceleração da economia mundial no primeiro semestre levou a um efeito duplo na balança, na visão de Julio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Ele observa que, enquanto mercados mais consumidores de produtos industrializados, como a União Europeia e os Estados Unidos, estão saturados, suas indústrias, juntamente com a produção chinesa, adotam táticas mais agressivas para entrar no Brasil.”A crise externa foi mais forte do que a desvalorização do câmbio, no caso da exportação. Pelo lado da importação, a depreciação do real caiu no vazio, pois os números mostram que, mesmo vendendo mais caro, o importador não se sentiu inibido em função da demanda, que não cedeu. Esses dois lados também apontam para nossa falta de competitividade, que está intacta em relação ao ano passado”, afirma Almeida.José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), também cita o “fator Argentina”. Ano passado, o país vizinho foi responsável por 22% das exportações de manufaturados brasileiros. Neste ano, com as políticas de controle de importação adotadas pelo governo de Cristina Kirchner, as vendas estão caindo. “Parte da indústria está sentindo esse efeito.” (Fonte: Valor Econômico) veja a notícia completa no site da AEB