Opiniões políticas à parte, a entrada da Venezuela no Mercosul em tese é vantajosa para o Brasil e os demais membros do bloco, uma vez que o país gira em torno do petróleo e precisa importar todos os tipos de produtos. A comprovação da teoria na prática, porém, vai depender dos passos que o governo venezuelano dará a partir de agora, segundo especialistas em comércio exterior consultados pela ANBA. Teoricamente [a adesão da Venezuela] é vantajosa. Se a decisão de compras [externas] estivesse nas mãos do setor privado, [o acordo] estimularia as exportações [brasileiras], mas hoje essa decisão não está nas mãos das empresas, e sim do governo”, afirmou o presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. Isso ocorre porque o governo venezuelano exerce forte controle sobre o câmbio e é quem autoriza a liberação de divisas para pagamento de importações. utra questão é adaptação do país às regras do Mercosul, como a adoção da Tarifa Externa Comum (TEC), praticada pelos demais sócios (Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina) e característica da união aduaneira; a ratificação dos tratados assinados pelo bloco com outras nações; a adoção de um cronograma de liberalização do comércio, além da definição de prazos para que este processo seja concluído. Vai demorar um tempo para os benefícios [do acordo] ocorrerem”, afirmou o coordenador do curso de comércio exterior do Programa de Formação Continuada da Fundação Getulio Vargas (PEC-FGV), Evaldo Alves. Segundo ele, as negociações para que a Venezuela se adapte podem demorar de quatro a cinco anos. O ingresso dos venezuelanos começou em 2006 e a adesão foi ratificada pelos parlamentos do Brasil, Uruguai e Argentina, mas não pelo Legislativo do Paraguai, o que colocou o processo em banho-maria. Com o impeachment relâmpago do ex-presidente Fernando Lugo, em junho, por um Senado dominado pela oposição, o Paraguai acabou suspenso do bloco, sob justificativa de golpe de estado, o que abriu caminho para a entrada da nação caribenha, confirmada na semana passada. Castro observa, porém, que o previsto em 2006 foi negociado pela Venezuela e a imprevisibilidade do regime de Hugo Chávez não permite antever que isso agora vai ocorrer de maneira fluida. Na mesma linha, o CEO da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby, que acompanha de perto o Mercosul desde sua criação, diz que a entrada do país “sem dúvida é vantajosa” para o comércio e os investimentos, mas o governo venezuelano precisa dar garantias. “A Venezuela tem que ter segurança jurídica para garantir os investimentos”, declarou. (Fonte: Agência Nacional Brasil-Árabe – ANBA) Veja a notícia completa no site da AEB