O governo não espera mais fechar neste ano um acordo entre Mercosul e União Europeia para uma área de livre-comércio entre os blocos –principal aposta de Dilma na área de política comercial.
Segundo assessores presidenciais, a chance de um acordo acabou devido a resistências de países europeus às negociações e da proximidade das eleições no Brasil e da troca de comando na UE.
Para a equipe de Dilma, depois de pressionar o Mercosul a fechar uma proposta, a UE recuou e não mostra mais o mesmo empenho.
Negociadores por parte do Mercosul já vinham alertando que, caso não fosse possível realizar a troca de propostas até a Copa, as tratativas teriam de ficar para 2015.
As negociações para uma área de livre-comércio entre Mercosul e UE se arrastam desde a década de 1990.
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A troca de propostas, quando cada lado monta uma oferta sobre quais produtos terão a tarifa zerada, estava prevista para dezembro de 2013, mas foi adiada a pedido dos europeus para o início de 2014.
O governo chegou a apostar numa evolução das negociações entre janeiro e março. Depois, acreditou que seria possível fazer a troca de propostas até junho, mas descobriu que a Europa já não estava tão interessada.
O fracasso frustrou o governo. A presidente Dilma estava empenhada pessoalmente nas negociações. Acreditava que um acordo poderia ser um trunfo em ano eleitoral.
Atravessando um momento de dificuldade em seu comércio exterior, o Brasil contava com o acordo com a UE para melhorar sua posição e agradar a indústria.
O setor, que durante muito tempo resistiu à proposta, passou a defender o acordo diante da deterioração do mercado argentino.
Pesou na indefinição dos dois lados o fato de a direção da UE estar com data marcada para mudar, em outubro. “Fica difícil negociar com quem vai sair daqui a três meses. O mesmo raciocínio pode ser feito por eles”, diz um assessor reservadamente.
Divergências no bloco sul-americano também dificultaram. A proposta do Mercosul já estava praticamente pronta, mas ainda faltavam ajustes, como decidir o prazo de carência oferecido aos europeus para que os produtos começassem a ter os impostos reduzidos. Os argentinos pediam um prazo maior do que Brasil, Uruguai e Paraguai –a Venezuela não quis negociar.
Também faltava chegar a um consenso sobre os últimos produtos que entrariam na lista que terão a alíquota de importação zerada.
Nesse cenário de indefinições (que inclui a crise argentina), o governo avaliou que fazer a troca de propostas agora seria “expor a estratégia” brasileira sabendo que não há “nenhuma chance” de fechar um acordo.
Fonte: Folha de São Paulo