O agravamento da crise econômica mundial abalou a confiança dos empresários industriais brasileiros. Estagnado desde o terceiro trimestre do ano passado, o setor não consegue reagir mesmo diante da alta do dólar, que atinge a casa dos R$ 2. Segundo o IBGE, o emprego industrial de maio foi 1,4% menor do que o verificado no mesmo mês de 2011. Na opinião do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, qualquer reflexo em aumento de produção ou emprego só poderá ser sentido em 2013. “A taxa atual [do dólar] representa um alívio para os exportadores, mas ainda não torna o preço tão competitivo. Qualquer reflexo disso só vamos perceber no próximo ano. Ainda é preciso esperar que o cenário europeu se torne mais claro, porque, do jeito que está, irradia para o mundo todo essa sensação de insegurança”, avaliou. A instabilidade financeira atingiu as fábricas, visto que o consumo das famílias está bem mais fraco do que o esperado. Com isso, as indústrias enfrentam dificuldades para escoar os estoques. Por enquanto, os efeitos da valorização cambial puderam ser percebidos no aumento de rentabilidade geral de 5,2% das exportações brasileiras, de janeiro a abril deste ano, segundo dados da Funcex. Na pesquisa, dos 24 setores avaliados, apenas dois apresentaram queda de rentabilidade. O cenário é bem diferente do verificado no mesmo período de 2011, quando 80% dos setores analisados tiveram perda de rentabilidade. A valorização do dólar ante o real impulsionou o resultado. A moeda saiu do patamar de R$ 1,75 em janeiro, para R$ 2,053, em junho. Para o economista do Iedi, Julio Gomes de Almeida, qualquer repercussão de aumento de emprego e produção precisa de mais tempo. “Nada na economia é instantâneo, já vemos o efeito sobre a rentabilidade, mas [em termos de] emprego e produtividade, que é o que melhora a economia, ainda vai levar algum tempo para ser percebido. É preciso esperar para ver se o câmbio vai se manter nesse patamar”, disse. O diretor executivo da Abicalçados, Heitor Klein, aposta na manutenção do câmbio e na temporada de negócios que começa em julho para dar um novo fôlego ao setor. “Estamos com uma sinalização real de impacto com a alta do dólar. A estabilidade desse patamar é tão importante quanto a valorização para termos previsibilidade ao fechar o negócio”, destacou. (Fonte: Gazeta do Povo)