Estudo da Confederação Nacional da Indústria aponta taxas portuárias e aeroportuárias como o maior obstáculo enfrentado pelo setor exportador na disputa pelo mercado externo. Custos de transporte e burocracia também reduzem competitividade
As elevadas tarifas cobradas por portos e aeroportos são o principal problema enfrentado por empresas brasileiras que operam no comércio exterior. Os dados são da pesquisa “Desafios à Competitividade das Exportações Brasileiras”, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV). Segundo o levantamento, 51,8% das entidades empresariais ouvidas afirmam que o custo das tarifas é o fator que mais prejudica a competitividade dos produtos nacionais no mercado externo.
Outros três entraves também são considerados críticos pelos exportadores: a dificuldade de oferecer preços competitivos, as elevadas taxas cobradas por órgãos anuentes e os altos custos do transporte doméstico.
Com os principais problemas relacionados a tarifas e a transporte, o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi, destaca a necessidade de cooperação entre os setores público e privado. “Temos uma carga tributária muito elevada. Além disso, a logística de transporte rodoviário é ruim. Não usamos ferrovias e acabamos pagando fretes caros”, diz. “De um lado, o governo deve enfrentar esses problemas estruturais; de outro, as empresas precisam investir em produtividade e inovação”, acrescenta.
Segundo Abijaodi, a aprovação de reformas seria importante para melhorar as condições de operação no comércio exterior. “A reforma tributária, por exemplo, poderia reduzir os altos tributos, criando um imposto único, enquanto a da Previdência lidaria com o deficit fiscal”, analisa. “No entanto, elas não vão ser aprovadas da noite para o dia. De qualquer modo, só a eliminação de problemas burocráticos já ajudaria muito o exportador”, ressalta o diretor.
Para o professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Juliano da Silva Cortinhas, é preciso ir além das reformas para criar competitividade no mercado externo. “É necessário ampliar a malha portuária, aérea e hidroviária, diminuindo a dependência do transporte rodoviário”, explica. Cortinhas destaca ainda o investimento em tecnologia. “Precisamos de um mercado estratégico, o que requer uma grande política de fomento a pesquisas tecnológicas voltadas para toda a cadeia de exportação.”
Regiões
De acordo com a pesquisa da CNI, no Centro-Oeste, o maior entrave é o custo de transporte doméstico — da empresa ou do estabelecimento rural até o porto de saída do país. Já no Nordeste, o custo de transporte internacional, do Brasil até o país de destino, é o obstáculo considerado mais crítico.
No Norte, os exportadores se mostraram mais afetados pela baixa disponibilidade de capital para as atividades de exportação e pela ausência de terminais intermodais. No Sul e no Sudeste, assim como no resultado nacional, as elevadas tarifas cobradas por portos e aeroportos figuram como o problema mais grave.
Fonte: Correio Braziliense