Mais de 130 representantes da indústria brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC) se reuniram no mês de maio em São Paulo para debater as tendências e perspectivas do segmento. Durante o seminário, foram apresentadas análises sobre o comportamento do consumidor e reflexões sobre o momento de turbulência que assola o país.
O mercado brasileiro de cosméticos e beleza amargou em 2015 sua primeira retração em 23 anos, com queda real de 8% em relação ao ano anterior e perda de liderança no consumo mundial de desodorantes, proteção solar e perfumes. O faturamento “Ex-Factory”, líquido de imposto sobre vendas, foi de R$ 42,6 bilhões.
De acordo com o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), João Carlos Basilio, o mau desempenho já era esperado e está diretamente associado ao aumento de cargas tributárias, à alta do dólar e ao longo período de crise econômica e política, que alteraram o poder de compra do consumidor mudando seus hábitos de consumo e derrubando as vendas. O cenário desfavorável também impactou a geração de emprego no setor, fechando o ano com queda de -3,3%.
PERSPECTIVAS
Os institutos Euromonitor, LCA Consultores, Mintel, Nielsen, Kantar Worldpanel e Factor-Kline apresentaram insights sobre o perfil do consumidor e dados sobre a expansão do segmento de HPPC.
Segundo a diretora de Regulação Econômica da LCA Consultores, Cláudia Viegas, cuja palestra abriu o evento, a recuperação brasileira ocorrerá de forma lenta nos próximos anos. “Nossa economia deve demorar até 2021 para recuperar o patamar de PIB de 2013”, afirmou.
Mas há alguns segmentos com boas perspectivas. Para a gerente de Projetos da Factor-Kline, Elaine Gerchon, dados oficiais indicam o crescimento dos salões de beleza, com mais de 150 mil unidades instaladas em território nacional. “Apesar de termos perdido colocação entre os principais consumidores mundiais, continuamos como um dos países que mais inova e exporta produtos capilares”, disse a gerente.
Dados trazidos pela Nielsen, Kantar Worldpanel e a Euromonitor mostraram um “novo” consumidor brasileiro, disposto a trocar conveniência por economia (momento de “experimentação” que deve ser aproveitado por indústria e varejo), a importância de estratégias de comunicação e vendas direcionadas ao consumidor Millenial (nascidos entre 1980 e 2000) e a tendência do crescimento das vendas em atacarejo. Segundo a Kantar, o consumidor está ainda mais bem informado e totalmente multitelas (TV + Smartphone + Computador). Já o Instituto IMS Health trouxe as principais tendências da categoria farmácia, reforçando a importância de realizar promoções que atraiam o consumidor que procura a drogaria para medicamentos, mas que pode ampliar o leque de compras.
Para a ABIHPEC, um dos caminhos para voltar a ganhar fôlego, competitividade e mercado, é o investimento em inovação. “Em 2016 o momento é de buscar a inovação de forma ampla, com foco em gestão, logística, serviços, comunicação e até mesmo na comercialização dos produtos. Rever as estratégias e o trabalho em equipe é fundamental para manter a vitalidade e a força das empresas frente ao mercado, especialmente neste momento delicado da economia brasileira”, destaca Basilio.
Fonte/veículo: Não vivo sem cosméticos