Por Arícia Martins SÃO PAULO
Com exceção do setor agropecuário, o Banco Central (BC) reviu para baixo todas as outras estimativas para os componentes do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015. Na média, a projeção para o desempenho do PIB neste ano passou de queda de 0,5% para recuo de 1,1%. No Relatório Trimestral de Inflação de junho, a autoridade monetária elevou de 1% para 1,9% sua previsão para o crescimento do PIB agropecuário em 2015, aumento relacionado ao bom comportamento deste setor no primeiro trimestre. Por outro lado, a estimativa para a retração do PIB industrial em 2015 passou de 2,3% para 3%. Dentro desse ramo de atividade, o BC destaca as revisões feitas nas projeções para a indústria de transformação (3,4% para 6%) e para a produção e distribuição de eletricidade, água e gás (1,4% para 5,6%), que reflete o aumento da participação de usinas térmicas na oferta de energia e a redução do consumo de água nos primeiros três meses do ano.
Para o PIB do setor de serviços, a expectativa do BC passou de alta de 0,1% para queda de 0,8% em 2015. Na abertura por componentes dessa atividade, a autoridade monetária cortou em 2,2 pontos percentuais, para queda de 2,9%, sua previsão para o desempenho do comércio, e em 2,1 pontos, para baixa de 1%, a estimativa para o segmento de administração, saúde e educação públicas. Pela ótica da demanda, a previsão para a queda da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida das contas nacionais do que se investe em máquinas e construção civil) piorou, de 6% para 7% em 2015.
Já a estimativa para o comportamento do consumo das famílias saiu de aumento de 0,2% para redução de 0,5%, “em linha com a piora no mercado de trabalho e a manutenção da confiança do consumidor em patamares historicamente reduzidos”. A previsão para os gastos do governo passou de avanço de 0,3% para recuo de 1,6%, “consistente com o cenário de ajuste fiscal em curso”. Em relação ao setor externo, a expectativa para a variação anual das exportações passou de alta de 2,4% para 5,5%, enquanto a projeção para as importações diminuiu 3 pontos, para retração de 6%, movimento que, de acordo com o BC, repercute “o ambiente de desaceleração no consumo e os efeitos da depreciação cambial”. A contribuição da demanda interna para a expansão do PIB em 2015 é estimada pela autoridade monetária em 2,6 pontos percentuais negativos e a do setor externo, em 1,5 ponto percentual positivo.
Fonte: Valor Econômico