A forte queda de importações de grandes economias como Brasil, Rússia, União Europeia (UE) e Japão entre janeiro a abril prenuncia um comércio mundial mais fraco no começo do ano. Taxas de câmbio e preços de commodities são responsáveis por grande parte da fraqueza. É o que sublinham três entidades internacionais Organização Mundial do Comércio (OMC ), organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) – em relatório submetido ao G-20. No Brasil, as exportações nos primeiros quatro meses do ano declinaram 18,1 % em relação ao mesmo período de 2014, segundo dados do governo, ilustrando a contração da economia este ano. Contudo, a OMC mostra também que o Brasil perdeu para a Índia o posto de país que mais abre investigações no mundo contra importações supostamente com preços desleais, entre outubro de 2014 e abril deste ano. A avaliação geral do relatório é que no último semestre, até maio, as principais economias aplicaram menos medidas restritivas ao comércio internacional. Produtos siderúrgicos continuam a sofrer a maior parte das investigações antidumping, principalmente os vindos da China. A OMC cita projeção do CPB, o Escritório de Análise Econômica da Holanda, de que o volume do comércio mundial pode ter contraído 1,5% no primeiro trimestre em ante o mesmo período de2014. E estima que a grande flutuação nos preços das matérias-primas e no câmbio tomaram as perspectivas globais mais incertas. O dólar, principal moeda das trocas internacionais, valorizou 10% na média contra as divisas de seus principais parceiros comerciais em um ano. O euro por sua vez desvalorizou 17%, e o iene japonês, 17%. Já o câmbio entre dólar e yuan chinês quase não foi mudou. A OMC qualifica de “impressionante” que os emergentes tenham contribuído menos do que desenvolvidos na demanda de importações entre o terceiro trimestre de 2013 e de 2014. Mas, no quatro trimestre, a maior queda veio nas importações de economias desenvolvidas, em parte por causa da conversão do euro em dólar.
Fonte: Valor Econômico (Internacional – Assis Moreira) – 16/06/2015