– Uma queda disseminada no preço de quase 60% dos produtos exportados pelo Brasil ajuda a explicar o mau resultado da balança comercial brasileira nestes primeiros meses de 2013, junto com o aumento das importações. De janeiro a março, 20 dos 31 grupos de produtos classificados pelo Mdic apresentaram queda no preço de exportação. Os grupos em queda representam 64% do valor exportado pelo Brasil no trimestre. No ano, o Brasil exportou 2,5% menos em relação a 2012, enquanto as importações aumentaram 3% até março e 10% em abril (sempre na comparação com o ano passado), descontando combustíveis. Para alguns setores, especialmente de manufaturados, a queda de volume também prejudicou o desempenho no primeiro trimestre. Entre os 31 grupos, 17 reduziram a quantidade exportada de janeiro a março em relação ao mesmo período de 2012. Decepção no comportamento das commodities, repasse das desonerações de impostos federais para o valor das mercadorias e concorrência externa explicam as quedas de preço, dizem empresários e economistas. Nas commodities, a piora no preço se agravou desde o início do ano. Nas três primeiras semanas de abril, entre os 16 principais produtos básicos exportados pelo país, 11 foram vendidos com preços inferiores aos do mesmo período do ano passado. A evolução de preços das commodities é justamente um dos componentes da balança comercial brasileira que começa a causar maior preocupação entre os analistas. Em alguns produtos, os preços não estão crescendo como esperado e em outros a queda está mais acelerada do que a estimada para o ano. Essa deterioração pode dificultar uma reversão expressiva do déficit comercial de US$ 6,5 bilhões acumulado até a terceira semana de abril, recorde para o período. Entre as consultorias, as estimativas para o ano ainda são positivas, mas decrescentes e algumas já abaixo de US$ 10 bilhões. José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que alguns preços subiram menos do que se esperava. Um bom exemplo é a soja, produto agrícola mais importante da exportação brasileira, que representa 7% dos embarques anuais. O preço médio de exportação do grão no ano passado, diz Castro, foi de US$ 530 a tonelada. Em abril, ele está em US$ 532 a tonelada, mas para esse período, diz ele, estimava-se um preço de pelo menos US$ 550 a tonelada. As cotações do mercado futuro, diz, já indicam US$ 470 a tonelada para o início do segundo semestre, quando o grão brasileiro passará a concorrer com o da safra americana. Outros produtos agrícolas, como café e açúcar, diz, também estão com preços menores do que se esperava. (Veja a matéria no site)