Previsão é de queda de margens e repasses ao consumidor
Não há sinais de alívio para as empresas brasileiras neste início de ano. O recrudescimento da pandemia acentua a perspectiva de demanda fraca e coloca em xeque a previsão de alguns setores para 2021. Ao mesmo tempo, a contínua alta dos preços das commodities sem uma contrapartida cambial – pelo contrário, a desvalorização do real prossegue – dificulta o acesso a insumos e pressiona custos, o que pode achatar margens e elevar preços ao consumidor.
Uma das mais prejudicadas pela pandemia, a indústria têxtil teme não conseguir recompor as perdas do ano passado ainda em 2021, afirma Fernando Pimentel, presidente da Abit, que reúne empresas do setor. As projeções ainda não foram revisadas, mas o viés é de baixa. “O prognóstico era terminar o ano com a produção geral no patamar de 2019. Mas a piora da pandemia, com restrições de mobilidade, afeta o comércio de vestuário, cuja compra pode ser postergada”, diz ele.
Para completar o quadro, há uma “explosão” no preço de commodities, impactando o algodão e matérias-primas sintéticas, segundo Pimentel. “Vai gerar um novo ponto de equilíbrio que eu não sei exatamente qual será.”
Ontem, o dólar tocou R$ 5,73, com o presidente Jair Bolsonaro optando por elevar a taxação de alguns setores para compensar as perdas geradas pela zeragem do PIS/Cofins sobre o diesel e o GLP.
A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) suspendeu suas estimativas para o setor neste ano. Há cerca de um mês, calculava crescimento nominal de 3,5%. João Carlos Basílio, presidente da entidade, ainda diz esperar avanços, mas afirma que é difícil cravar projeções “porque a preocupação com a economia está muito grande”. A associação estima que o primeiro semestre será de queda em relação a 2020. “Minha percepção é que pode chegar a dois dígitos”, diz Basílio.
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