13/02/2012 –
As autoridades brasileiras e representantes do setor produtivo pretendem expor os danos provocados pelas taxas de câmbio
Brasília O governo e a indústria se uniram para afinar o discurso que o Brasil levará no primeiro seminário sobre o impacto do câmbio nas relações comerciais, organizado pela Organização Mundial do Comércio (OMC), nos dias 27 e 28 de março, em Genebra, que contará com a participação de seus países membros. É primeira vez que a entidade abre espaço para a questão da guerra cambial.
Na última terça-feira (7), o embaixador do Brasil na OMC, Roberto Azevedo, se reuniu com o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Giannetti da Fonseca, para discutir a participação do País no seminário, cuja iniciativa nasceu de uma ideia da diplomacia brasileira.
“Há um absoluto consenso entre a posição do setor privado e do governo nesse assunto”, afirmou Giannetti da Fonseca. “É um excelente momento para discutir como o Brasil pode dar uma mensagem positiva a uma discussão que vai ser necessariamente difícil”, disse Azevedo. Caberá ao presidente da Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas), Josué Christiano Gomes da Silva, também vice-presidente da Fiesp, representar o setor privado no seminário.
Otimismo moderado
O empresário terá 20 minutos para expor os danos que as taxas de câmbio artificiais adotadas por outros países têm provocado à indústria brasileira.
O Brasil pretende fazer com que a comunidade internacional reconheça a existência do problema, porém, com o cuidado de evitar apontar culpados, o que poderia aumentar as resistências de países como Estados Unidos e China.
Para o governo brasileiro, a discussão sobre os efeitos do câmbio no comércio internacional encontra hoje mais abertura que no passado. Se antes havia um completo ceticismo em relação à possibilidade de que o tema entrasse nas discussões da OMC, hoje há um clima de “otimismo moderado” na delegação brasileira.
Segundo o Gerente de Unidade de Governo da Assintecal, Diogo Serafim, O Seminário sobre o impacto do câmbio nas relações comerciais será uma excelente oportunidade para o Brasil defender sua política cambial. A taxa de câmbio artificial, sobretudo as adotadas pelos países asiáticos, que mantém o iuan desvalorizado como forma de aumentar as exportações, desestabiliza a economia mundial. Basta uma pequena oscilação na moeda para que toda economia seja impactada. Portanto, precisamos estar atento a esses fluxos para que economias emergentes não busquem equilibrar sua balança comercial com taxas de câmbios artificiais.
Autor/Fonte: Negócios – Diário do Nordeste