Campanha para incentivar reciclagem vai passar por todas as residências de Joinville

Equipe do programa de reciclagem vai passar pelas casas da cidade até 2020

Uma equipe da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos(Abihpec), com apoio da Prefeitura, vai passar por 160 mil domicílios de Joinville durante os próximos dois anos. A ação faz parte do Programa Dê a Mão para o Futuro – Reciclagem, Trabalho e Renda, para conscientizar quase 600 mil habitantes da cidade da importância de se fazer a separação do lixo reciclável.

Atualmente, tudo que é resgatado pelos caminhões da coleta seletiva do município é encaminhado para seis cooperativas de reciclagem, que gera renda para aproximadamente 200 famílias da cidade. Joinville produz mensalmente 12 mil toneladas de lixo, das quais apenas 800 toneladas (6,7%) da parte reciclável são separadas pela população. Segundo estimativa, esse percentual pode chegar a 35%, o que motiva a campanha iniciada na semana passada.

A ação se estenderá até o início de 2020. A expectativa é de que os 160 mil domicílios sejam visitados em semanas alternadas nas regiões onde há coleta seletiva. Serão distribuídos 320 mil folhetos com informações sobre reciclagem e ímãs de geladeira com a data em que os caminhões da coleta passam pelo endereço visitado.

O objetivo é ampliar o conhecimento da população joinvilense sobre a separação dos materiais recicláveis e reforçar o quanto isso pode contribuir para o meio ambiente e a geração de trabalho e renda das pessoas que vivem da reciclagem de resíduos.

Os moradores receberão a visita da equipe do programa e dos próprios cooperados. Um veículo personalizado vai circular nas ruas da cidade e a abordagem será de porta em porta. Eles estarão identificados com camisas verdes com informações do programa e acompanhados de uma van, que tocará um jingle da campanha.

O trabalho contará com a participação conjunta da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza (Abipla) e da Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi).

Também estão envolvidas as secretarias de Infraestrutura (Seinfra), de Assistência Social (SAS) e de Agricultura e Meio Ambiente (Sama) da Prefeitura. Além disso, ainda participam a Associação Ecológica de Catadores Recicladores de Joinville (Assecrejo) e a Cooperativa de Reciclagem, Beneficiamento e Arborização de Joinville (Recicla).

Foto: Salmo Duarte / A Notícia

Número de cooperativas tem diminuído

As seis cooperativas de reciclagem que atuam na cidade têm um cadastro no município e no Centro Público de Atendimento ao Trabalhador (Cepat). Elas recebem o material da coleta seletiva, fazem a triagem, vendem o produto e depois dividem o lucro entre os cooperados.

Todas as famílias que trabalham nos galpões de reciclagem estão inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico). Segundo Anderson Ramalho da Silva, da Recicla, essas pessoas estão fora do mercado de trabalho e são recebidas pelas cooperativas, que as dão uma nova oportunidade de vida. O problema é que o número de associações tem reduzido ao longo dos últimos anos.

– O material tem vindo em uma quantidade baixa e, às vezes, não se consegue manter uma renda adequada para essas famílias – conta.

Anderson explica que as cooperativas enfrentam duas dificuldades para manter o trabalho: a primeira são os espaços reduzidos em que atuam. De acordo com ele, as leis são muito rigorosas e não permitem o licenciamento ambiental em alguns lugares. Por isso, os recicladores têm buscado apoio de lideranças para tentar conseguir alvarás e as documentações necessárias para os empreendimentos. Outra dificuldade é a atuação de pessoas sem ligação com as cooperativas na coleta de materiais recicláveis nas ruas. Anderson espera que o município atue para abrir espaço para essas pessoas saírem da informalidade e também passarem a trabalhar junto às associações.

Além disso, o valor da venda dos produtos reciclados também caiu ao longo dos últimos anos. Segundo Anderson, desde 2010, os valores estão menores e isso também tem dificultado a renda das famílias que vivem da reciclagem.

– Hoje, a gente praticamente está vendendo de dia para comer à noite. Não dá para se manter muito, não – desabafa.

Ana Karina Terentim recebe equipe com instruções Foto: Salmo Duarte / A Notícia

Grupo dá orientações à população

Durante a passagem pelas ruas de Joinville, o grupo tenta falar com o máximo de moradores possível. Nos primeiros dias de campanha, eles têm recebido atenção da população e passado informações importantes sobre a reciclagem e a coleta seletiva.

O operador de máquinas Nilton de Moliner, 50 anos, foi um dos moradores do bairro Costa e Silva que dedicaram alguns minutos para ouvir os recicladores. Ele já separa o lixo em um latão exclusivo para os produtos recicláveis. Até mesmo o que é sujo, ele lava para mandar direto para a coleta.

– Já fazemos isso aqui em casa desde que começou a passar o caminhão da coleta. Acho importante para a natureza e também para quem precisa desse trabalho e renda – conta.

Um dos aprendizados de Moliner após a passagem da equipe da campanha foi de colocar o lixo para a coleta apenas na noite anterior ao dia em que o caminhão passa pela rua. Isso evita que se leve o conteúdo antes e misture com o lixo comum.

A cozinheira Ana Karina Terentim, 49 anos, trabalha em casa e também faz a separação diária de tudo que é possível reciclar. Nas sextas-feiras de noite, ela coloca o lixo para a frente de casa para ser recolhido no sábado pela manhã. Desde que começou a fazer a separação, isso se tornou um hábito.

– Eu já não consigo mais misturar. Eu acho muito importante fazer isso porque é uma profissão para eles e uma fonte de renda – explica.

Segundo Anderson Ramalho da Silva, da Recicla, a expectativa é de que a campanha ajude a aumentar o volume de produtos reciclados de 30% a 40%. Com isso, será possível negociar ainda mais com a indústria e os supermercadistas para aumentar novamente o preço dos materiais e incrementar a renda dos trabalhadores.

É reciclável:

– Garrafas, frascos vazios de remédios e perfumes, copos etc.

– Latas de bebidas e refrigerantes, ferragens, pregos, panelas etc.

– Embalagens longa vida, jornais, cadernos, revistas, livros, caixas de papel e papelão etc.

– Garrafas de água e refrigerantes, sacolas plásticas, brinquedos, utensílios domésticos, embalagens de alimentos, de produtos de limpeza e de higiene pessoal (xampu, cosméticos etc.).

Não é reciclável:

– Sobras de alimentos, papel higiênico, guardanapos, fraldas descartáveis, absorventes, preservativos, fotografias, etiquetas e fitas adesivas, papel-carbono, esponja de aço, espelhos, vidros planos (janelas, tampos de mesa), pratos refratários e óculos devem ser colocados em lixo comum.

Lixo do banheiro:

– Os frascos de xampus, tubos de creme dental, potes de cremes e rolos internos do papel higiênico devem ser separados e colocados para a reciclagem. Não coloque esses materiais na lixeira do banheiro com papel higiênico, absorventes e lenços sujos. Quando isso acontece, eles se tornam lixo comum.

Importante:

– Antes de colocar as embalagens para coleta seletiva, elimine restos de produtos. Desta forma, estará evitando mau cheiro e insetos.

– Guarde o material reciclável em sua residência até o dia da coleta seletiva.

– Embrulhe vidros quebrados e objetos pontiagudos para evitar acidentes com os catadores.

– Pilhas e baterias devem ser entregues aos estabelecimentos que as comercializam ou a sua rede de assistência técnica autorizada pelas indústrias.

Anderson Ramalho da Silva fazendo entrega de folhetos com instruções (Foto: Salmo Duarte / A Notícia)

Fonte: AN

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