Uma solução promissora para a poluição causada por microesferas plásticas em rios e oceanos do mundo
São Paulo – Centenas de cosméticos e produtos de higiene pessoal possuem em sua formulação microesferas plásticas que conferem textura mais leve a sua composição ou funcionam como esfoliantes. Medindo menos de 0,5 milímetros, essas partículas passam incólumes pelas redes de tratamento de esgoto e acabam poluindo rios e oceanos.
Estima-se que, em um único banho, 100 mil partículas de plástico sejam despejadas no meio ambiente. Por serem tão pequenas, elas são ingeridas por zooplânctons (seres que estão na base da cadeia alimentar marinha), mariscos, peixes e, por tabela, nós, humanos.
Para piorar, o plástico no oceano atrai substâncias químicas tóxicas, como poluentes orgânicos persistentes, e, portanto, pode ser muitas vezes mais tóxico do que a água circundante. Não à toa, os Estados Unidos resolveram banir, em 2016, o uso de microesferas plásticas em cosméticos, enquanto Canadá e União Europeia endurecem suas regulações a respeito.
Mas os esforços vão além do comando e controle, abrangendo a pesquisa de substitutos mais ecológicos para aplicação na indústria. Eis que pesquisadores britânicos do Centro de Tecnologias Químicas Sustentáveis (CSCT) da Universidade de Bath desenvolveram uma alternativa renovável e biodegradável para as microesferas de plástico.
As novas microesferas são feitas de celulose, que é o material que forma as fibras resistentes encontradas na madeira e nas plantas. Os cientistas dissolvem a celulose para formar pequenas gotículas que são então “ajustadas” ao formato desejado.
Segundo os pesquisadores, essas micropartículas de celulose são robustas o suficiente para permanecerem estáveis em um produto de higiene ou cosmético, mas podem ser “quebradas” nos processos de tratamento de esgoto, ou mesmo no ambiente natural em um curto período de tempo, o que não acontece com as partículas derivadas de petróleo.
Os resultados foram publicados na revista ACS Sustainable Chemistry and Engineering. Segundo a equipe de cientistas, o processo é escalável e renovável, sendo possível recuperar celulose do lixo descartado pela indústria de fabricação de papel, por exemplo.
Para desenvolver as partículas ecológicas, a equipe contam com financiamento de pouco mais de 1 milhão de euros do Conselho de Pesquisa em Engenharia e Ciências Físicas do Reino Unido. Nas próximas etapas, eles trabalharão com parceiros industriais para desenvolver versões que possam ser utilizadas comercialmente em cosméticos e produtos de higiene pessoal.
Fonte: Exame