Os principais líderes de associações empresariais dos países do G-20 recomendam a redução do protecionismo e outras ações para a recuperação econômica.
A Coalizão B20, um grupo de líderes de associações empresariais independentes dos países do G20, divulgaram nesta terça-feira (08), o relatório “Comércio para o crescimento: um novo regime para o século 21”. Nele, os empresários defendem que os líderes das nações mais desenvolvidas tomem medidas importantes para impulsionar o comércio global e acelerar a recuperação econômica.
O documento é o primeiro de uma série sobre as posições do B20 que serão divulgados em 2014, com uma análise do cenário atual do comércio e recomendações multilaterais para aproveitar o clima favorável entre os países, criado pelo acordo da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Bali, na Indonésia, em dezembro de 2013. Segundo o presidente da Coalizão B20, o presidente da Câmara de Comércio do Canadá, Perrin Beaty, o avanço nas negociações em Bali injetou nova energia nas negociações comerciais. “Os governos devem agora aproveitar o momento para empurrar a agenda de liberalização do comércio para a frente, colocar a rodada de Doha de volta aos trilhos e, assim, melhorar a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo”, disse.
O B20 pede que os responsáveis pelas políticas públicas inaugurem uma nova era, aumentando a abertura do comércio e dos investimentos, fortalecendo as relações multilaterais e aumentando a coerência entre os acordos preferenciais de comércio e da OMC. Para os empresários, a rápida implementação do G20 e de outros países signatários do acordo sobre facilitação do comércio, firmado em Bali, é um primeiro passo essencial neste sentido.
Além de destacar novos desafios e oportunidades no cenário do comércio mundial – como a extensão das cadeias globais de valor (CGV) e comércio crescente em serviços – o documento do B20 também levanta preocupações sobre as barreiras comerciais não-tarifárias, conhecidas como protecionismos disfarçados (murky protectionisms), que se multiplicaram durante a recente crise econômica. O B20 também afirma que os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) estão reprimidos por falta de regulamentação adequada. Para o grupo, o IED é um poderoso motor para o comércio e para o crescimento, mas a falta de um acordo multilateral e ferramentas adequadas para a proteção dos investidores impede que este instrumento alcance o potencial pleno.
Leia as principais recomendações do relatório:
– Os países do G20 devem reafirmar e se comprometerem com a redução do protecionismo.
– Os membros do G20 devem rapidamente e de forma abrangente implementar o pacote de facilitação do comércio de Bali. A implementação deve ser feita independemente da conclusão Rodada de Bali.
– Para concluir a Rodada de Doha, os governos do G20 devem encontrar uma abordagem equilibrada para questões como a agricultura, acesso a mercados não agrícolas (NAMA) e serviços.
– Os governos devem priorizar as cadeias de valor para bens e serviços. Isso não significa apenas reduzir a ambição de tarifas, mas também combater a burocracia nas fronteiras. Para avançar na abertura no comércio de serviços, os membros do G20 precisam se comprometer com maior acesso ao mercado da oferta de serviços transfronteiriços e também precisam se engajar numa discussão mais significativa sobre a circulação temporária de trabalho.
– Após a conclusão da Rodada de Doha, o G20 deve iniciar um debate sobre as regras para investimentos, compras governamentais e concorrência, bem como as empresas estatais e as restrições de exportação com a perspectiva de integrar respectivas disciplinas na OMC.
– Acordos multilaterais/setoriais (dentro e fora do âmbito da OMC), como em produtos de TI ou serviços representam uma oportunidade para que os membros do G20 para promover a abertura no comércio global. Os membros do G20 devem aproveitar esta oportunidade, tendo o cuidado de que estes acordos são projetados de forma a permitir a fácil multilateralização, numa fase posterior.
– Dada a proliferação de acordos de comércio preferenciais em todo o mundo, as disciplinas mais abrangentes são necessárias, para melhorar a coerência entre tais acordos comerciais e para garantir que eles sejam um degrau no processo de liberalização multilateral, em vez de atrapalhar.
SOBRE A COALIZAÇÃO B20 – O grupo reúne as principais associações empresariais independentes de economias do G20, em uma missão compartilhada para levar propostas aos formuladores de políticas do G20 em nome de mais de 6,5 milhões de empresas de todos os tamanhos e de todos os setores.
Fonte: Export News