EDUARDO CUCOLO
O Banco Central revisou sua projeção para as exportações brasileiras em 2014 de US$ 245 bilhões para US$ 240 bilhões. A nova previsão está abaixo do verificado em todo o ano de 2013 (US$ 242 bilhões).
A instituição também reviu a expectativa em relação às importações, de US$ 240 bilhões para US$ 237 bilhões. No ano passado, as compras de produtos do exterior somaram US$ 239,6 bilhões.
O saldo da balança comercial, ou seja, a diferença entre exportações e importações, deve ficar em US$ 3 bilhões neste ano pela projeção do BC, abaixo dos US$ 5 bilhões projetados anteriormente. No ano passado, o saldo comercial ficou em US$ 2,4 bilhões.
Neste ano, até agosto, está em US$ 249 milhões.
As revisões do BC em relação aos dados das contas externas são feitas a cada três meses.
Nesta quarta-feira (24), a instituição manteve a projeção de deficit nas transações com o exterior em US$ 80 bilhões (3,5% do PIB). Até agosto, o resultado negativo é de US$ 54,8 bilhões, abaixo do verificado no mesmo período de 2013 (US$ 57,6 bilhões).
Considerando os últimos 12 meses, o deficit é de US$ 78,407 bilhões, o equivalente a 3,47% do PIB.
Na comparação com o PIB, resultado o deficit, desde o ano passado, está nos maiores patamares desde 2001, o que para analistas é um sinal de fragilidade do Brasil em relação a outros países e uma fonte de pressão sobre o câmbio.
A entrada menor de dinheiro no comércio exterior, segundo o BC, será compensada por um resultado um pouco melhor na parte de serviços e rendas.
Com a economia brasileira praticamente estagnada, a instituição espera que se gaste menos com transportes, por exemplo. Também se estima remessa menor de lucros e dividendos para outros países, de US$ 25 bilhões.
A previsão anterior era de US$ 26 bilhões, mesmo resultado de 2013.
INVESTIMENTOS
Em relação às fontes de financiamento do deficit, o BC manteve a projeção de entrada de US$ 63 bilhões na forma de IED (Investimento Estrangeiro Direto), ou seja, recursos injetados diretamente em empresas no Brasil.
Essa é considerada a fonte mais estável de financiamento, pois é um dinheiro que não costuma sair do país rapidamente em momentos de crise. Desde 2012 que o país não consegue se financiar apenas com essa fonte de recursos.
Também foi mantida a expectativa de investimento estrangeiro de US$ 12 bilhões no mercado de ações. As aplicações em títulos públicos devem ficar em US$ 23 bilhões, acima dos US$ 18 bilhões esperados anteriormente.
Em agosto, o saldo das transações correntes ficou em US$ 5,49 bilhões, e o IED, em US$ 6,84 bilhões.
GASTOS
Os gastos de brasileiros em viagens internacionais ficaram em US$ 2,35 bilhões em agosto, segundo o Banco Central. Esse é o segundo maior valor da série histórica da instituição, com início em 1947. O resultado fica atrás apenas dos US$ 2,41 bilhões registrados em julho deste ano.
Nos oito primeiros meses do ano, os gastos somam US$ 17,3 bilhões, acima dos US$ 16,6 bilhões do mesmo período de 2013. No acumulado do ano, o valor tem sido sempre recorde.
As receitas com turistas estrangeiros, que foram recordes nos meses da Copa, ficaram em agosto em US$ 499 milhões, menor nível desde junho do ano passado. Em junho e julho, durante o evento, o resultado chegou a uma média mensal de US$ 793 milhões.
Fonte: Folha