Às vésperas da próxima reunião de cúpula do Mercosul, entidades empresariais têm pressionado publicamente a presidente Dilma Rousseff por uma mudança na estratégia comercial do país. Até mesmo os europeus, tendo a Espanha à frente, engrossaram o coro contra as amarras do bloco. A avaliação dos insatisfeitos é de que o governo continua insensível aos crescentes apelos da iniciativa privada para que o Brasil busque caminhos alternativos no comércio exterior. A desgastada relação com a Argentina, principal parceiro no bloco e palco de uma crise econômica, o polêmico ingresso da controversa Venezuela e o avanço de acordos bilaterais mundo afora prejudicaram o país, limitaram ainda mais a competitividade e derrubaram o saldo da balança comercial. Se as previsões de mercado se confirmarem, as exportações devem superar as importações em apenas US$ 6 bilhões — o pior resultado desde 2001. Os protestos dos presidentes CNI, Robson Andrade, e da CNA, Kátia Abreu, ganharam mais peso nas últimas semanas em razão do anúncio, em maio, de um novo bloco comercial na América do Sul, a Aliança do Pacífico. O pacto firmado por México, Chile, Colômbia e Peru estima números mais auspiciosos e ilustra bem o atual nível de concorrência no comércio global. Para piorar, começarão oficialmente nos próximos dias as negociações entre a UE e os Estados Unidos para formar até 2015 a maior área de livre-comérciodo planeta, concentrando um terço das trocas internacionais. A próxima reunião de cúpula do Mercosul, marcada para a sexta-feira desta semana, em Montevidéu, terá como desafio avaliar esse quadro e traçar estratégias de sobrevivência para os integrantes do bloco. “O Brasil deveria abandonar a âncora do Mercosul e buscar acordos fora. Estamos ficando para trás”, declarou a presidente da CNA. Para ela, o Mercosul é um entrave às negociações de livre- comércio com a Europa graças ao “protecionismo incentivado por alguns países”, insinuando má influência de Argentina e Venezuela. (Veja a matéria no site – Fonte: Correio Braziliense)