COMÉRCIO VAREJISTA – PERSPECTIVAS NEGATIVAS

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16 de fevereiro de 2016

A indústria produtora e o varejo de bens não duráveis (como alimentos, vestuário e medicamentos), de bens duráveis (como automóveis, móveis e eletrodomésticos) e também de material de construção têm motivos de preocupação nesse início de ano, haja vista os resultados dos meses finais de 2015.Isso porque os dados hoje divulgados pelo IBGE sugerem que a retração do setor vem se acelerando. No acumulado de 2015, o volume de vendas do varejo restrito caiu 4,3%, mas no último trimestre a queda chegou a 6,9%. Já para o varejo ampliado, que leva em conta as vendas de automóveis e materiais de construção, o desempenho do ano foi de -8,6%, também apontando piora no último trimestre (-12,0%).Continuamos sem nenhuma evidência clara de reversão de muitos fatores que concorreram para a evolução dramática do comércio em 2015, como o arrocho e encarecimento do crédito ou a falta de confiança dos consumidores.

Outros fatores, entretanto, seguem em trajetória cadente. É o caso principalmente do emprego e do rendimento médio real da população, que devem se sobrepor a qualquer alento ao poder de compra proveniente de um patamar de inflação relativamente menor em 2016.

De fato, a alta da inflação em 2015, devido à brusca e intensa correção de tarifas públicas, como as de energia elétrica e de água e esgoto, além do aumento dos preços de combustíveis, corroeu o poder de compra das famílias e contribuiu para a retração do comércio no último ano.

A alarmante subida da taxa básica de juros em reação à inflação foi repassada aos juros dos empréstimos. A situação do crédito, que já não era favorável no início de 2015, só piorou ao longo do ano. A contração real das concessões e o encarecimento do crédito atingiu em cheio as vendas daqueles bens que exigem algum tipo de financiamento. É o caso de automóveis, cujo volume de vendas caiu 17,8%, móveis (-16,2%), eletrodomésticos (-12,9%) e material de construção (-8,4%).

A deterioração das expectativas das famílias, afligidas pelo medo do desemprego, também impactou o desempenho desses segmentos porque fez com que evitassem assumir novas dívidas. O quadro de aumento do desemprego e retração do rendimento real, agravado no segundo semestre do ano, contribuiu ademais para o resultado de -2,5% do volume de vendas de hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo.

Outros segmentos do comércio varejista cujas vendas dependem de um mix de crédito e renda igualmente apresentaram variações negativas, como tecidos, vestuário e calçados (-8,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,3%), equipamentos de informática e comunicação (-1,7%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-10,9%). Sendo que em todos os casos a situação no final do ano configurava-se muito pior do que essas variações acumuladas indicam.

O único segmento do comércio a se salvar em 2015 foi o de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, que obteve crescimento de 3,0% no acumulado do ano. Só que aqui, mais uma vez, o desempenho do último trimestre (+1,6%) indica haver limites à sua capacidade de resistência.

Resultados Gerais. Segundo o IBGE, o comércio varejista brasileiro apresentou variação de -2,7% na passagem de novembro para dezembro com dados livres de efeitos sazonais, após apresentar crescimento nos dois meses anteriores (0,3% em outubro e 1,6% em novembro). Na comparação com dezembro de 2014, o comércio assinalou recuo de 7,1%. A variação acumulada entre janeiro e dezembro de 2015, contra igual período do ano anterior, foi de -4,3%.Setores. Setorialmente, na comparação dezembro / novembro na série livre dos efeitos sazonais, 6 das 8 atividades do comércio varejista restrito assinalaram queda. Os principais destaques foram observados em: móveis e eletrodomésticos (-8,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-3,6%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,0%), tecidos, vestuário e calçados (-2,1%) e livros, jornais, revistas e papelarias (-1,4%). As taxas positivas foram registradas nos setores de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,4%) e combustíveis e lubrificantes (0,5%). No varejo ampliado, veículos e motos, partes e peças (0,4%) e material de construção (1,1%) registraram variações positivas.

Na comparação mensal (mês/mesmo mês do ano anterior), quase todos os setores registraram variação negativa: móveis e eletrodomésticos (-17,7%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-3,7%), tecidos, vestuário e calçados (-10,3%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-7,9%) e combustíveis e lubrificantes (-10,0%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-15,4%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-14,9%). Por outro lado, artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (3,1%) foi o único a exercer pressão positiva.

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No ano, para a taxa global de -4,3%, sete setores contribuíram negativamente, com destaque para: móveis e eletrodomésticos (-14,0%); hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,5%); tecidos, vestuário e calçados (-8,7%) e combustíveis e lubrificantes (-6,2%). As demais atividades com desempenho negativo foram: livros, jornais, revistas e papelaria (-10,9%); equipamentos e material de escritório, informática e comunicação (-1,7%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,3%). O único setor que apresentou aumento no volume de vendas foi artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (+3,0%).Regiões. Na passagem de novembro para dezembro de 2015, na série com ajuste sazonal, as vendas no varejo foram negativas para todas as unidades da federação, com destaque para os estados do Pará (-11,0%), Bahia (-7,2%) e Sergipe (-6,4%). Frente a dezembro de 2014, o comércio também registrou queda no volume de vendas para os 27 estados, com destaque para o Amapá (-24,9%). Em termos de participação na composição da taxa negativa do varejo, destacaram-se São Paulo (-5,8%) e Rio de Janeiro (-5,5%).

O desempenho acumulado de 2015 mostrou redução no volume das vendas do comércio varejista em 26 das 27 unidades da federação, com destaque para o Amapá (-12,4%), Paraíba (-10,3%) e Goiás (-10,2%). A exceção ficou por conta de Roraima, com avanço de 6,5%.

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Fonte: IED (enviado por Dra. Lucilene)

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