O papel da biotecnologia e as possibilidades de sua aplicação para desenvolvimentos pautados em sustentabilidade foram algumas das questões abordadas pelas consultorias Peclers Paris, Beautystreams e executivas da Chemyunion e Dinaco
A preocupação cada vez mais frequente do consumidor com o meio ambiente tem levado as indústrias a debaterem alternativas que visem acelerar ações em prol da sustentabilidade em duas práticas e desenvolvimentos, garantindo segurança, eficácia e qualidade ao consumidor final, em escala. No penúltimo dia da Semana ABIHPEC de Mercado (15/09), especialistas apresentaram diferentes aspectos dessas demandas e o trabalho do setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos em busca do entendimento e aplicação de conceitos e tecnologias em prol dessa meta.
Na primeira palestra do dia, Gaia Prado, da consultoria Peclers Paris, falou sobre Neo-ecologia, tema fundamental para desmistificar a oposição entre o que é natural e sintético, mostrando que a tecnologia pode ser eficaz, sustentável e ética ao mesmo tempo nesta simbiose. Com um conteúdo bastante diversificado, a consultora mostrou referências de cosméticos, moda, arquitetura e até culinária onde essas novas experiências têm apresentado soluções inovadoras.
“Priorizar a questão da segurança dos produtos, que devem seguir rígidos protocolos de testagem e ter escalabilidade na indústria, são fatores imprescindíveis para a evolução da sustentabilidade. Não se pode assumir que natural é sinônimo de segurança e qualidade, assim como que o que é sintético não o é, é preciso lembrar que a química está em tudo e é necessário pautar o conhecimento nas descobertas da ciência”, enfatizou.
Como forma de quebrar essa imagem, Gaia mostrou estratégias que podem ser utilizadas não só pela indústria, mas também pelo varejo, como embalagens desenvolvidas com materiais inovadores e biodesenvolvidos sem ar e a importância da economia circular. Lojas com ambientes em tons de cores que evoquem a natureza aliados a projetos paisagísticos, por exemplo, trazem bem-estar ao consumidor e uma percepção de integração ao meio ambiente.
Fernanda Pigatto, da Beautystreams, apontou movimentos que vão guiar a atuação do setor de HPPC e o consumo nos próximos anos, dentre elas, ações voltadas ao meio ambiente que têm assumido uma nova importância global. De acordo com um levantamento do instituto, 73% dos entrevistados consideram a sustentabilidade a prioridade filantrópica mais urgente.
Neste cenário, ganham espaço alternativas que visam reduzir o impacto ambiental, como é o caso dos produtos sólidos, a exemplo de xampus, séruns, perfumes e blushes, que possuem maior duração, com drástica redução de água em suas composições e com embalagens usando materiais biodegradáveis. Pigatto observou que o interesse dos consumidores por produtos nesses formatos vem aumentando gradualmente nos últimos 6 anos.
Um outro movimento social e de consumo destacado pela Beautystreams é dos “Eticalistas”, consumidores devotos da ética, preocupados não só com a forma do produto, mas também com o próprio comportamento ético da empresa em toda a sua cadeia produtiva, a forma como tratam seus funcionários, o respeito à diversidade, entre outros aspectos.
No painel que encerrou o evento desta quinta-feira, mediado pela diretora de Inteligência de Mercado, Elaine Gerchon, estiveram presentes Patrícia Moreira, diretora de Marketing da Chemyunion, e Viviane Gandelman, vice-presidente da Dinaco. O bate papo teve como tema “Biotecnologia: Integrando as ciências naturais e bases da engenharia”.
As executivas abriram o painel explicando o que é a biotecnologia e sua importância para a indústria de HPPC. Um dos exemplos é a utilização de enzimas e microrganismos para produção de insumos que atendem à um enorme leque de finalidades para o setor.
“Patrícia Moreira explicou que a atenção crescente à aplicação da biotecnologia pode ser explicada pela alta viabilidade industrial e financeira que esse modelo de produção pode proporcionar”
Viviane Gandelman, por sua vez, falou sobre o potencial sustentável da biotecnologia, uma vez que os métodos utilizados são menos extrativistas e com potencial de redução de impactos ambientais, podendo remediar a emissão de poluentes e promoção da circularidade de diversas formas. “Em um cenário em que o consumidor está cada vez mais atento a mitigar seu impacto ambiental, a cobrança pela transição para um capitalismo consciente passa pelo investimento inevitável em sustentabilidade”, disse a executiva.