Sob a temática de “Desenvolvimento sustentável como diferencial competitivo do setor de HPPC”, a mais recente edição do Café com Tema, realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), explorou os principais desafios na agenda de desenvolvimento sustentável do setor de HPPC, tais como mudanças climáticas, biodiversidade e economia circular.
O encontro virtual foi mediado por Elaine Gerchon, diretora de inteligência de mercado da entidade, que recebeu Fábio Brasiliano, diretor de desenvolvimento sustentável da ABIHPEC. Durante o evento foram apresentadas as prioridades estratégicas de atuação setorial em sustentabilidade, além de discutido o papel essencial das empresas no enfrentamento das mudanças climáticas, do uso estratégico e sustentável da biodiversidade brasileira como diferencial competitivo e os bons resultados do trabalho pioneiro que a ABIHPEC faz no campo da logística reversa com o programa “Mãos Pro Futuro”, que completou 18 anos em 2024.
A apresentação foi iniciada abordando o campo da biodiversidade, cujos temas são objeto de agenda de um Grupo de Trabalho específico coordenado pela entidade, que reúne as empresas associadas à ABIHPEC, com o objetivo de debater a agenda normativa ambiental, estratégias, preocupações, projetos de lei, entre outros pontos. Ou seja, são explorados todos os aspectos envolvidos no contexto do uso sustentável da biodiversidade para o desenvolvimento de produtos no setor. Toda a agenda de biodiversidade alavanca a inovação no setor, que segue protagonista colocando no mercado anualmente, mais de 7 mil lançamentos por ano, segundo dados da Mintel.
Brasiliano ressaltou que o Brasil está entre os países mais biodiversos do mundo, concentrando 20% de toda a biodiversidade global em solo nacional. Neste cenário, o setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos entendeu a importância do uso sustentável da biodiversidade brasileira como uma agenda estratégica de geração de riqueza e inovação.
No campo das normas que regulamentam o uso da biodiversidade, Brasiliano citou a Lei 13.123, de 2015, que é conhecida como o marco da biodiversidade no Brasil. “Nós enxergamos esse marco como uma oportunidade, como uma forma de estimular cada vez mais a inovação no nosso setor, baseada na biodiversidade brasileira. No entanto, apesar da legislação já ter quase nove anos, dia após dia mais empresas se interessam por esse universo. E, por isso, o nosso trabalho aqui é tão importante para esclarecer o quanto a legislação pode ser uma aliada nesse processo de desenvolvimento de produtos e novas soluções a partir da nossa biodiversidade”.
Mudanças climáticas
As mudanças climáticas são um dos maiores desafios atuais, afetando governos, sociedade e empresas. O aumento da temperatura média global, a elevação do nível do mar, eventos climáticos extremos e a perda da biodiversidade são alguns dos efeitos que podem impactar negativamente a atividade econômica, a segurança alimentar, a saúde humana e a estabilidade social. Portanto, as mudanças climáticas devem ser consideradas um risco estratégico para empresas de todos os tamanhos e setores, sendo uma questão que diz respeito a todos.
O encontro abordou que o tema não deve ser visto apenas sob uma perspectiva de riscos e desafios, mas também como uma oportunidade para a integração de práticas e políticas de baixo carbono em todas as áreas de negócios, visando reduzir as emissões de gases de efeito estufa, mitigar os impactos ambientais, e promover a sustentabilidade e dessa forma.
A ABIHPEC coordena um grupo de trabalho específico sobre Mudanças Climáticas, e segue atenta à agenda internacional: esteve representada na COP28, em Dubai, e novamente marcará presença na COP29, que ocorre na cidade de Bacu, no Azerbaijão, em novembro de 2024.
Economia circular
Para finalizar, o evento explorou a atuação do “Mãos Pro Futuro”, programa pioneiro de logística reversa no Brasil. A iniciativa criada pela ABIHPEC e apoiada pela Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes (ABIPLA) e Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (ABIMAPI), visa a recuperação de embalagens pós-consumo e destinação adequada para a reciclagem, atuando prioritariamente em parceria com cooperativas de catadores de materiais recicláveis. Este programa está em operação desde 2006, tendo nascido de um projeto piloto conduzido no estado de Santa Catarina, que apoiou as cooperativas locais com foco principal em melhoria das condições de trabalho, organização e produtividade.
Brasiliano aproveitou para destacar que o “Mãos Pro Futuro” gera renda, promove a inclusão social e a melhoria das condições de trabalho e de vida de catadores de materiais recicláveis em todo o país, sendo referência em economia circular, reconhecido pelo governo federal, bem como pelos governos estaduais e municipais, e ainda, internacionalmente reconhecido pelo CEPAL da ONU.