Evento contou com a participação do presidente-executivo da entidade, João Carlos Basilio, que falou sobre dificuldades trazidas pelo contexto econômico e alta tributação e as vantagens do investimento em inovação
A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) promoveu nesta terça-feira, 12 de abril, o primeiro Café com Tema de 2022, que debateu sobre o Panorama do setor de HPPC: Desafios e Perspectivas. O evento contou com apresentação de João Carlos Basilio, presidente-executivo da ABIHPEC, e moderação de Elaine Gerchon, diretora de Inteligência de Mercado da associação.
A questão da tributação foi apontada pelo presidente-executivo como um dos principais desafios. O setor é o terceiro mais tributado do país. Basilio lembrou que o governo federal sinalizou recentemente a redução de 25% do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), o que foi bem recebido pelos empresários, embora as informações iniciais acerca do assunto apontavam para uma demanda por 50%. “Outro ponto é que precisamos de mais prazo para pagar os impostos, muitas vezes pagamos esses impostos antes de receber”, explicou. Basilio comentou que só uma reforma tributária ampla, irrestrita e estruturada pode corrigir distorções.
O presidente-executivo comentou sobre o desempenho setorial em 2021. “Foi uma surpresa muito grande quando fechamos 2021 com uma queda no faturamento bastante significativa, de 2.8%”, disse. No entanto, ele destacou que esse é apenas um percentual médio de performance para o setor e algumas empresas conseguiram excelentes resultados, principalmente aquelas que enxergaram as oportunidades em meio à crise, souberam interpretar as necessidades do consumidor e colocar produtos inovadores no mercado.
“Quem estava atento aos novos hábitos do consumidor brasileiro se deu bem e surfou na onda de uma maneira positiva. É importante que as empresas estejam acompanhando e entendendo qual é o comportamento do consumidor “, afirmou Basilio. “Tem que encontrar um diferencial, buscar modelos novos, respeitar a sustentabilidade e se diferenciar do que já está no mercado; o brasileiro é criativo para isso”, completou.
O presidente-executivo falou ainda sobre o desafio de fazer negócios com a combinação de uma taxa de juros tão alta como a atual e a inflação crescente. “A taxa de juros pulou para a casa dos 11% e a perspectiva não é parar de subir; em maio provavelmente veremos novo aumento e analistas já falam em projeções em torno de 14%. É difícil uma empresa ter resultados positivos com um custo financeiro tão alto como é o nosso no Brasil”, disse Basílio.
Nesse contexto, Elaine complementou, mencionando a alta taxa de desemprego, que compromete o poder de compra. Os consumidores estão mais cautelosos e seletivos, os brasileiros não deixaram de consumir os itens do setor de HPPC que são essenciais, mas o perfil de consumo está mais conservador diante do contexto econômico atual.
A balança comercial foi citada como destaque positivo do setor de HPPC. “Fechamos o ano de 2021 com superávit na balança comercial do setor e iniciamos 2022 com resultados de janeiro e fevereiro em crescimento bom, afirmou Basilio.
A agenda também contemplou os temas da sustentabilidade e da economia de baixo carbono, iniciativas e abordagens que envolvem desde processos de produção, desenvolvimento de produtos, até as relações com fornecedores e consumidores. Segundo Basilio, a ABIHPEC construiu muito conhecimento na área de sustentabilidade ao longo das últimas décadas, principalmente na solução para a logística reversa de embalagens pós consumo, com o Programa Dê a Mão para o Futuro que há mais de 16 anos apresenta resultados positivos e que crescem ano a ano, num modelo estruturante com cooperativas, mudando a vida dos cerca de 6.000 catadores envolvidos ao redor de todo o país – um exemplo de entrega de resultados que fazem a diferença e, por isso, possui inclusive reconhecimento internacional do CEPAL da ONU, como exemplo de programa eficaz.
Segundo Basilio, para o tema da economia de baixo carbono, a perspectiva é de que as medidas de regulamentação governamental sejam adotadas setorialmente e por isso, a ABIHPEC já está trabalhando para estruturar soluções que possam atender a essa necessidade para as empresas associadas e, a experiência adquirida com o Programa Dê a Mão para o Futuro, certamente será um diferencial para criar novas soluções.
Como mensagem final, o presidente-executivo demonstrou seu otimismo e sua certeza sobre a força do setor: “Acredito que o nosso país tem todas as condições de superar esses desafios e por meio da inovação vamos encontrar cada vez mais caminhos positivos que levem o nosso setor a patamares mais altos. Vamos continuar sendo resilientes, perseverantes e fortes para encontrar soluções para os desafios que se apresentam”, concluiu.