“O Brasileiro não sabe se proteger do sol”, diz especialista em Workshop do ITEHPEC

O 3º Workshop ITEHPEC de Fotoproteção realizado em 20 de março e promovido pelo ITEHPEC – Instituto de Tecnologia e Estudos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos – traz um alerta: os brasileiros seguem recomendações de exposição solar que estão de acordo com a incidência de radiação solar UVA e UVB para países de latitudes mais altas, localizados no hemisfério norte.

Segundo o professor da Universidade Federal de Itajubá, Marcelo de Paula Corrêa – que lidera pesquisas sobre exposição solar no Brasil – mesmo no inverno, podemos receber uma quantidade de radiação solar quatro a cinco vezes maior do que a recomendada pela Organização Mundial da Saúde para um único dia. No verão essa quantidade pode ultrapassar em 50 a 60 vezes a dose diária recomendada.

“Quando falamos em exposição ao sol, temos que considerar a nossa posição geográfica. Em Natal, por exemplo, o meio dia solar acontece por volta das onze horas da manhã. Isso significa dizer que entre nove e dez da manhã o sol, nesta região, já pode ser nocivo à saúde da pele. Por outro lado, nos verões paulistanos e cariocas, podemos observar níveis de radiação ultravioleta maiores do que aqueles observados no verão nordestino” afirma.

A falta de conhecimento somada a uma cultura que não leva a sério o uso do protetor solar são alguns dos problemas que o brasileiro enfrenta para combater o aumento do número de casos de câncer de pele e o envelhecimento precoce da pele causados pela exposição excessiva ao sol.

Marcelo conta que há experiências de empresas privadas que recomendam e oferecem o protetor solar como equipamento de segurança no trabalho, mas que o produto acaba não sendo utilizado pelo trabalhador. “Sabemos de casos em que o operário se recusou a usar um produto considerado por ele como feminino. Esse tipo de barreira cultural ainda é um problema muito sério no Brasil e na maioria dos países da América Latina”.

Uso sazonal!

Levantamento recente, realizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, aponta que o uso do protetor solar está relacionado ao verão e a maioria dos brasileiros abandona o produto ao longo do ano.

Marcelo alerta, no entanto, que até aquela caminhadinha no horário do almoço pode ser perigosa. “Medições realizadas em São Paulo mostraram que aquela despretensiosa caminhada de meia hora, no horário do almoço, pode ser nociva sem o uso de proteção adequada. Doses relativamente altas de R-UV, em curtos espaços de tempo, foram observadas durante o verão. No inverno, pessoas que se expõem ao sol por períodos prolongados também podem sofrer danos à pele”.

A equipe do pesquisador trabalha em colaboração com colegas de outras universidades e centros de pesquisa da América do Sul na tentativa de tornar as recomendações mais adequadas à nossa realidade. “Sabemos que temos uma longa caminhada pela frente, mas trabalhamos para capacitar médicos, professores de ensino fundamental e médio, formadores de opinião e, sobretudo, para conscientizar cada vez mais os governos sobre a importância da proteção solar para a saúde do brasileiro”, finaliza.

O 3º Workshop ITEHPEC de Fotoproteção reuniu representantes dos maiores fabricantes de protetor solar do Brasil. Além da palestra com o Prof. Marcelo de Paula Corrêa, o ITEHPEC recebeu Murilo Marques, Diretor de Negócios da Cosmetic Innovations para falar sobre tendências no segmento, Renata Amaral, gerente de assuntos regulatórios da ABIHPEC, Dr. Sérgio Schalka – uma referência em dermatologia e diretor da MEDICIN, Sérgio Oliveira* – um especialista em Fotoproteção, Diretor da Johnson & Johnson e Conselheiro do ITEHPEC, além dos moderadores Jadir Nunes e Carlos Praes, Conselheiro e Presidente do Conselho Científico-Tecnológico do ITEHPEC, respectivamente.

Ao final do evento, Carlos Praes concluiu: “Alcançamos com grande êxito o objetivo do ITEHPEC com o Workshop ITEHPEC de Fotoproteção que trouxe um novo conhecimento para os participantes e totalmente na vanguarda com o que está sendo discutido globalmente, além de inspirações para a indústria para o lançamento de novos produtos através de discussões sobre atualidades, inovações, perspectivas e desafios”.

CLIQUE AQUI para ler a entrevista do Sérgio Oliveira*

 

 

 

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