Setor brasileiro de HPPC fechou 2022 recuperando apenas parte das perdas do período de pandemia
Recomposição de margens após dois anos de grandes dificuldades para repassar os expressivos aumentos de custos absorvidos pelas empresas do setor gerou desaceleração do consumo.
Apesar de o setor brasileiro de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos ter fechado 2022 com crescimento em valor de vendas ex-factory de 13,2%., segundo o Painel de Dados de Mercado da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), o segmento de Perfumaria foi o que teve maior crescimento, com alta de 21% em relação ao mesmo período do ano anterior, seguido de Cosméticos 16%, Tissue 10,2% e Higiene Pessoal 9,9%, os números podem dar uma falsa percepção positiva.
É preciso manter em mente que o resultado está relacionado ao reposicionamento de preços que o setor precisou implementar de forma gradual, depois de dois anos de pandemia quando todos os esforços foram feitos para evitar aumento de preços diante de um cenário de forte recessão e dificuldades.
A indústria de HPPC sofreu ao longo de 2022, por causa da escassez de insumos, de dificuldades com uma demanda mais fraca em meio à inflação e a perda de renda da população brasileira. A pressão internacional refletiu na inflação do setor de HPPC que chegou ao patamar de 16,7%. São 10,9 pontos percentuais acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou em 5,8% em 2022.
O cenário econômico já vinha crítico por conta da pandemia da Covid-19, e se agravou com a invasão da Rússia à Ucrânia, conturbando ainda mais a cadeia global de suprimentos de alimentos e combustíveis, refletindo na alta dos preços que afetou o país ao longo do ano de 2022. O resultado prático dessa situação, repleta de adversidades, foi a redução da renda disponível para a compra de produtos de HPPC, ocasionando uma desaceleração do consumo.
“2022 foi um ano de grandes oscilações inflacionárias na economia e no nosso setor não foi diferente. A sustentabilidade econômica do setor passou pela consolidação do processo de recomposição das margens que ficaram comprometidas nos 2 anos anteriores. Além disso, em uma análise comparativa aos resultados setoriais de 2021, ano em que houve queda de 2,8% em valor de vendas ex-factory em comparação à 2020, o setor precisava recuperar performance e trabalhou para isso.” afirma João Carlos Basilio, presidente-executivo da ABIHPEC.
Importante considerar também, a comparação do crescimento de nosso setor com o PIB e a indústria em geral, quando se olha um horizonte de 10 anos para trás. O setor de HPPC crescia mais do que o dobro do PIB até 2014. Em 2015 passou por uma queda de quase 10% em performance (deflacionada) e, desde então, os anos subsequentes vêm sendo desafiadores a ponto de que, até o momento, as bases de performance anteriores a 2015 não foram reconquistadas.
Do ponto de vista econômico, os programas governamentais de distribuição de renda, assim como o arrefecimento do desemprego sem dúvida tiveram papel relevante, mas, não foram suficientes para segurar as perdas no setor. De acordo com a área de Inteligência de Mercado da ABIHPEC, o cenário econômico impactou o bolso dos consumidores, que começaram a migrar entre marcas, por vezes realizando o trade down em algumas categorias de produtos, como por exemplo, com itens do segmento de higiene pessoal. Para outras categorias, consumidores chegaram até mesmo a deixar de comprar produtos que não são de consumo frequente ou são de baixa penetração no lar. O consumidor aumentou o número de visitas aos PDVs buscando promoções e descontos, além de multipacks ou embalagens econômicas (familiares, por exemplo) que oferecem preços mais competitivos por unidade.
“Os resultados de 2022 nos deram a chance de recuperar parte de nossas perdas, mas chegamos a 2023 ainda com grande preocupação diante de um cenário econômico complexo, com juros altos, baixa atratividade para investimentos e instabilidade. Nesse momento, não podemos deixar de confiar nas sinalizações positivas do governo para que a reforma tributária de fato aconteça nos próximos meses, resgatando minimamente o equilíbrio e a equidade da carga tributária para a indústria e, em nosso caso, para o setor de HPPC, tratamento tributário condizente com a nossa essencialidade e que promova a ampliação do acesso da população aos nossos produtos”, finaliza Basílio.
Sobre a ABIHPEC – A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) é uma entidade privada que tem como finalidade representar nacional e internacionalmente as indústrias do setor, instaladas em todo país e de todos os portes, promovendo e defendendo os seus legítimos interesses, por meio de ações e instrumentos que contribuam para o seu desenvolvimento, buscando fomentar a competitividade, a credibilidade, a ética e a evolução contínua de toda a cadeia produtiva. Mais informações: www.abihpec.org.br