As franquias brasileiras em busca do mercado externo passam por diversos estágios de maturidade. Boa parte das que estão investindo no exterior contrata consultorias especializadas, se empenha na busca de fornecedores locais e também abre unidades próprias para aprofundar o aprendizado sobre o novo mercado em foco.
Há quem tenha dado um passo atrás e, depois de reavaliar a estratégia anterior, comemora os resultados. É o caso da Morana, marca de acessórios femininos do grupo Ornatus, que em 2007 inaugurou duas unidades nos Estados Unidos – uma delas própria, em Los Angeles, onde também instalou uma operação de atacado. Inaugurou outras duas em Portugal e mais uma na Colômbia. A crise de 2008 levou ao fechamento das operações da empresa na América do Norte. Também as unidades portuguesas no Porto, em parceria com um consultor de franquias local, não vingaram.
Há dois anos, o projeto foi retomado, mas com novo perfil. Depois de quase R$ 5 milhões de investimentos em sete anos, a marca tem duas lojas próprias em Lisboa, outra em Los Angeles e tem meta de atingir mais dez operações próprias em dois anos. Já no Brasil são cinco lojas próprias entre um total de 310 operações. “Os franqueados não estão descartados”, afirma o diretor de desenvolvimento de novos negócios Eduardo Morita.
O atacado, por sua vez, colabora na exposição local da grife e no planejamento tributário graças a acordos bilaterais com mercados como os asiáticos, países de origem de boa parte dos produtos. As peças para Portugal partem diretamente de lá.
A Vivenda do Camarão também apostou em unidades próprias. Para chegar aos Estados Unidos, fechou parceria com o grupo Oxford, do empresário brasileiro Carlos Barbieri, sediado no Estado da Flórida. Já inaugurou três pontos de venda e até o fim do ano contabiliza investimentos de US$ 4 milhões em seis unidades. De acordo com Barbieri, a experiência já rendeu aprendizado como os impactos da redução do estoque para dois dias, contra 21 no Brasil, e a diferença nas praças de alimentação, como maior relevância de funcionários dos shopping centers e necessidade de investimentos em eventos para atrair clientes externos.
“Quando atingirmos 30 unidades próprias iniciaremos o sistema de franquia para o mercado americano”, explicou o sócio diretor Rodrigo Perri.
Já a IT Beach, empresa especializada em calçados injetados, bolsas e acessórios, de um ano para cá passou a convidar seus distribuidores no exterior a assumir o papel de máster franqueados. A rede exporta para 23 países, tem 47 pontos de venda no Brasil, seis deles próprios, e convenceu parceiros na Espanha, na Itália e no Japão.
“Os demais estão mais cautelosos”, conta o diretor executivo Frederico Escobar. O investimento vai além dos R$ 200 mil exigidos no Brasil, já que prazos de exportação obrigam estoque regulador três vezes maior. A empresa está homologando fornecedores locais de mobiliário e se prepara para investir em marketing e ajudar os parceiros a implantar o conceito da marca.
O quarto país em vista são os Estados Unidos. Até agora, o esforço consumiu R$ 500 mil e, segundo Escobar, as três lojas devem representar entre 5% e 10% do faturamento da rede, que este ano alcança R$ 30 milhões.
Na área de serviços, a Cartório Postal buscou parceiros fora do país para ampliar o alcance de seu negócio, intermediação para obtenção de documentos públicos e privados. Com mais de 280 unidades no Brasil e meta de faturar este ano R$ 30 milhões, chegou ao Japão em 2010 e, em 2013, a Suíça, Inglaterra e Bélgica. Este ano chega a Portugal e Estados Unidos.
Os investimentos somam cerca de R$ 1,5 milhão. A presença de brasileiros no exterior dá impulso ao negócio. “Estamos implantando contratação de máster franqueados na Europa e nos Estados Unidos”, diz o diretor presidente Flávio Lopes da Costa.
Pão to Go e DNA Natural também buscam o mercado externo. A primeira, depois de conquistar mais de 120 unidades e faturar R$ 3,3 milhões com um ano de operação no Brasil, abre em breve suas primeiras unidades nos Estados Unidos com adaptações no cardápio, como a inclusão do pão de forma.
“Os preferidos pelos americanos são os industrializados”, diz o criador da marca Tom Ricetti. O passo seguinte será a abertura de unidade em Buenos Aires, na Argentina, onde já conta com máster franqueado. Com mais de 60 unidades no Brasil, a DNA Natural, por sua vez, já investiu em pesquisas, registro de marca e contratação de serviços jurídicos e contábeis para adequar o contrato de franquia nacional às leis americanas. A meta da empresa é operar nos Estados Unidos a partir de 2015. “Os próximos passos são abrir as empresas necessárias, fechar contratos com fornecedores homologados e construir as três primeiras unidades-escola para pilotos de testes e treinamentos”, adianta a presidente Jeane Moura.
Fonte: Valor Econômico