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Por Denise Neumann
Um dos campeões de crescimento no último boom da economia brasileira, o setor de serviços está sendo fortemente afetado pela recessão. Nos 12 meses até agosto, as famílias reduziram em 4% a quantidade utilizada de serviços, como cabeleireiro, manicure, restaurante, cinema etc.
O setor sofreu mais que o varejo de bens de consumo básicos, como alimentos e produtos de limpeza e higiene vendidos em supermercados, cuja quantidade consumida caiu 1,6% no período. Apesar da queda na demanda, os preços continuam subindo. A inflação de serviços atingiu 8,24% dentro do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Como consequência, a receita nominal do segmento subiu 3,9% no período, de acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE. Para o economista chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, a capacidade de elevar preços de serviços oferecidos às famílias resulta da menor concorrência no setor.
Jorge Arbache, professor da Universidade de Brasília, explica que os dados do IBGE também mostram que o recuo dos serviços é bastante superior à retração observada na demanda das empresas. A participação dos serviços no orçamento familiar dos brasileiros chega a 64%. “O ajuste das famílias chegou antes e com mais força do que no segmento empresarial”, diz Arbache.
Outros indicadores da economia seguem se deteriorando. A mediana das expectativas de inflação, capturadas pelo Banco Central por meio do Boletim Focus, prevê IPCA de 9,85% neste ano e 6,22% em 2016. As cinco instituições que mais acertam previsões projetam 9,95% e 7,3%, respectivamente.
As estimativas de crescimento também estão piorando bastante. O Bank of America Merrill Lynch projeta queda do PIB de 3,3% em 2015 e de 3,5% no ano que vem. “A incerteza política permanece alta, deprimindo a confiança e inibindo o investimento”, justifica o banco.
Fonte: Valor[:]