Por James FontanellaKhan
A Coty, cujas marcas incluem Calvin Klein e Davidoff, está perto de conquistar o controle de US$ 12 bilhões em ativos da Procter & Gamble (P&G) no setor de produtos de beleza, segundo pessoas familiarizadas com o assunto. A empresa novaiorquina apresentou a proposta mais elevada visando a compra dos ativos de cosméticos, fragrâncias e produtos para os cabelos da P&G, numa difícil disputa contra concorrentes maiores e vários grupos de “private equity”. As ações da Coty deram um salto de 19% ontem na bolsa de Nova York.
A incorporação das marcas da P&G como Olay, Christina Aguilera Perfumes e Wella deverá transformar a Coty, que não conseguiu adquirir a Avon três anos atrás, numa empresa líder em produtos de beleza. Ainda não são conhecidos detalhes da estrutura do negócio, e uma pessoa envolvida nas conversas advertiu que, embora a Coty tenha apresentado o maior lance não é certo que levará todos os ativos. “Só estará concluído quando estiver efetivamente fechado”, disse a fonte.
A Coty obteve financiamento de diversos bancos, entre eles o JPMorgan Chase. A transação também representa um importante passo para a P&G, num momento em que a maior empresa de produtos de consumo do mundo, busca, sob o comando de seu CEO, AG Lafley, redirecionar o foco para um número menor de marcas, depois que seu portfólio tornouse “inadministrável”, provocando uma erosão em suas receitas totais. Várias empresas tomaram parte no que foi um leilão extremamente disputado, segundo diversos banqueiros. Um negócio fechado com a Coty representaria um retrocesso para o grupo alemão Henkel, de bens de consumo.
A companhia era considerada favorita na disputa pelas operações da P&G em cuidados com os cabelos, que incluem as marcas Wella e Clairol, e foram avaliadas em até US$ 7 bilhões por pessoas envolvidas nas negociações. De acordo com a Bloomberg, a Henkel desistiu de competir após ter sido informada que sua proposta não estava mais sendo considerada. Clayton Dubilier & Rice, um grupo especializado em aquisições de participação acionária que controla várias empresas de produtos de consumo, e o Warburg Pincus, firma private equity com um grande portfólio no setor de cuidados pessoais e bens de consumo, também estavam competindo por ativos da P&G. Não foi possível contactar a P&G nem a Coty para ouvir seus comentários sobre o assunto. Inicialmente, o “New York Post” noticiou que a Coty havia vencido o leilão e adquirido o controle dos ativos da P&G usando um “Reverse Morris Trust”, por questões fiscais (mecanismo pelo qual a P&G faria a cisão dos ativos, dando a seus próprios acionistas uma participação majoritária na nova companhia).
Fonte: Valor