O uso de coloração capilar vem crescendo, e muito, no País. De acordo com uma pesquisa realizada pela Nielsen em 2016, a categoria hoje alcança 51,4% dos lares brasileiros. E nada menos do que 44,6% das usuárias pintam o cabelo em casa em vez de ir ao salão.
Parte importante desse público são mulheres que utilizam o produto para cobrir os fios brancos. A pedagoga Paula Müller, 49 anos, é uma delas. Ainda aos 26 anos, após sua segunda gravidez, começaram a surgir os primeiros fios brancos, que ela inicialmente retirava um a um. Algum tempo depois, porém, recorreu aos tonalizantes, que utiliza regularmente desde então. “Creio que uns 70% do meu cabelo são brancos”, ela conta. “Nesta altura da vida, poder contar com produtos para cobri-los é muito importante para mim. Me proporciona bem-estar e preserva minha autoestima.”
Branco por quê?
O cabelo se torna branco graças a um fenômeno natural chamado apoptose, que é a morte do melanócito. Trata-se de uma célula que produz a melanina, pigmento que dá a cor aos pelos, cabelos e à pele. O início desse processo varia conforme a pessoa e, principalmente, a etnia. “Nos brancos, começa normalmente entre os 35 e os 45 anos; nos orientais, entre 45 e 55; e nos negros, geralmente depois dos 55”, afirma Valcinir Bedin, dermatologista, tricologista e presidente da Sociedade Brasileira do Cabelo (SBC).
Um pouco de história
Os primeiros registros de colorações capilares datam de cerca de 4 mil anos atrás, no Egito Antigo, onde foram encontradas múmias com o cabelo colorido com henna. Este mesmo corante natural, produzido a partir das folhas de um arbusto conhecido como Lawsoniainermis, foi utilizado por muitos outros povos no decorrer dos séculos e é usado ainda hoje por muitas pessoas.
“As primeiras tinturas industriais surgiram em 1863, quando o químico August Wilhelm von Hofmann descobriu as propriedades de coloração do PPD (parafenilenodiamina)”, conta o cabeleireiro Edu Hyde, do programa Troca de Estilo, da Discovery Channel. “Quatro anos depois o químico britânico E.H. Thiellay e o cabeleireiro francês Leon Hugot descobriram os benefícios do peróxido de hidrogênio, que reduzia os riscos de queda de cabelo.”
Um marco importante no setor veio em 1907, quando Eugene Schueller criou e comercializou a primeira coloração permanente oxidante, capaz de clarear a cor natural dos fios, além de escurecer os brancos. “A partir daí, a indústria de cosméticos acelerou as pesquisas e desenvolveu produtos cada vez mais eficientes e práticos. Em 1931, lançou o primeiro xampu tonalizante e, em 1953, o creme tonalizante permanente, que agia ainda mais rápido”, lembra Edu.
Nos últimos 30 anos o setor tem investindo ainda mais em tecnologias que aprimoram a qualidade e os resultados das colorações. “Em 1980, para evitar a descoloração excessiva e proteger a fibra capilar, reduziu-se a quantidade dos ativos presentes nas versões semipermanentes. Em 2007, foi desenvolvido um novo descolorante que além de diminuir os riscos de danos aos fios, ainda é capaz de tonalizá-los em apenas dez minutos. E mais recentemente, em 2015, Craig Hawker criou uma molécula que age mais rapidamente do que o oxigênio presente na água oxigenada. A descoberta levou à produção de tinturas que preservam a integridade da fibra capilar e alteram apenas a cor”, diz Edu.
Inovações constantes
De olho na satisfação de seus consumidores, a indústria cosmética vem desenvolvendo colorações cada vez mais modernas e eficientes, seja para o uso doméstico ou profissional. Assim, os produtos lançados recentemente contam com:
Cheiro suave: “É difícil mascarar o cheiro da amônia presente nas colorações. Mas, ainda assim, alguns fabricantes têm adicionado aromas bem agradáveis às fórmulas, para disfarçar o odor”, diz Edu.
Mais que tintura, tratamento: Segundo Valcinir, no passado as tinturas continham metais pesados que podiam causar danos: “Atualmente eles não estão mais presentes. Muito pelo contrário, há estudos mostrando que algumas colorações protegem os fios da perda de proteínas, deixando-os mais resistentes”. Já Brauliun Aguiar, colorista do Jacques Janine Fashion Mall, lembra que os produtos mais modernos levam bioceramidas, óleo de argan, macadâmia, aloe vera, d-pantenol e outros ativos que dão saúde e brilho.
Praticidade: Além das versões em pó, que precisam apenas ser misturadas com água e aplicadas ao cabelo, o mercado, hoje, oferece outros produtos facílimos de usar, como a coloração em espuma. Basta agitar a embalagem três vezes, aplicar a espuma nos fios e distribuí-la com as mãos.
Efeito incríveis: “Além das colorações, o mercado tem inovado bastante em relação aos produtos para mechas e outros efeitos. Os descolorantes, por exemplo, podem ser utilizados com uma água oxigenada mais forte, como a de 40 volumes, sem causar agressões ao fio. Há marcas que adicionam derivados do trigo, queratina ou aminoácidos para oferecer proteção extra, já que antes o processo de descolorir podia ressecar a fibra capilar”, conta Brauliun.
Fonte: Estadão