RENAN MARRA
DE SÃO PAULO
05/03/2015 02h00
As pessoas da classe C recorrem cada vez mais a amigos e familiares para tomar empréstimos financeiros. São os chamados empréstimos informais, que estão se tornando mais comuns no país.
Pesquisa do Data Popular, que será divulgada nesta quinta (5), mostra que 15% dos entrevistados declararam que pediram socorro financeiro a parentes ou amigos em média 4,2 vezes num período de 30 dias. Em 2010, esse percentual era de 7%, com média de uma vez por mês.
Para o presidente do instituto de pesquisa, Renato Meirelles, o aumento dos empréstimos informais acontece em razão da crise econômica e do endividamento das pessoas.
“Essas pessoas aprendem a se virar em momentos de adversidade e muitos já estão alavancadas [devendo] com o banco. E nessa situação, você fica sujeito a juros muito altos”, diz Meirelles.
Também aumentou o número de pessoas que compraram fiado, deixando para pagar depois. Em 2010, 23% fizeram dívidas dessa forma; neste levantamento foram 29% dos entrevistados.
Já o total de pessoas que considera difícil ou muito difícil pagar as contas do dia a dia saltou de 32% para 65%.
“Isso acontece primeiro porque o crédito bancário está muito caro. Fora do sistema, o crédito é bem mais barato”, analisa o economista Roberto Luis Troster, especialista em crédito.
SOLIDARIEDADE
Meirelles aponta ainda que os momentos de crise ativam uma rede de solidariedade na classe C, que passa a pedir mais empréstimos a parentes e amigos quando não pode recorrer aos bancos.
“A classe C está aprendendo a se virar neste momento de crise. Além de recorrer a empréstimos de amigos, também fazem bicos para ganhar uma renda extra”, disse Meirelles.
Participaram da pesquisa, 3.500 pessoas em 150 municípios do país. A faixa de renda por pessoa da classe C vai de R$ 328 a R$ 1.128 mensais.
Fonte: Folha